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wsexta-feira, dezembro 19, 2003 |
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RIP
Para quem não sabe, este blog é filho de uma lista de discussão chamada Os Iluminados que chegou hoje ao fim da sua vida.
Morta a lista, morto o blog!
Remeto as demais explicações e a mensagem de esperança a todos os orfãos do blog (os cerca de 50 civis que o visitam todos os dias - obrigado, mãe!) para a mensagem enviada a todos os listores Iluminados .
A todos os outros, um grande abraço.
Caros amigos, os Iluminados chegam hoje ao fim da linha.
O fim do ano é, por tradição, uma época de balanços. Como tal, depois
de uma análise ponderada destes últimos 14 meses (cerca de 1000
mensagens),
cheguei à conclusão que a lista precisava de ser revitalizada.
Como não acredito que a história avance por um processo pacífico e
contínuo, mas antes acho que esta se faz por revoluções e conflitos,
cheguei à conclusão que a melhor maneira de revitalizar os Iluminados
era... acabar com os Iluminados.
Esta lista surgiu devido a uma enorme vontade de polemizar, discutir
ideias e confrontar pontos de vista. Houve alturas em que isso
aconteceu, outras não.
Guardo na memória alguns momentos quentes de discussão, mas acima de
tudo guardo em mim o enorme respeito, a boa educação e o sentido de
humor, sempre presentes nas nossas conversas.
Já participei em muitas outras listas e fóruns de discussão, mas
nenhuma tão respeitadora e civilizada como “Os Iluminados”.
O fim de um ciclo não é necessariamente um acabar. Neste caso é um novo começo.
Um renascer das cinzas. A vontade de discutir e polemizar não
esmoreceu, antes pelo contrário. Como tal, reservo-me o direito de
utilizar uma última vez esta lista (e este blog) para, na devida altura, vos anunciar o novo projecto que dará continuidade ao Espírito Iluminado.
Este é apenas um caminho que termina. Há decerto uma imensa via
iluminada na qual, mais cedo ou mais tarde, nos voltaremos a encontrar.
Elevemo-nos então à altura do nosso nome. A nossa vida é breve demais
para sermos menos do que ILUMINADOS!
Um grande abraço do vosso amigo, Tomás.
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Tomás at 2:07 da manhã
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wterça-feira, dezembro 16, 2003 |
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Em O Homem dos Sonhos, Mário de Sá Carneiro fala-nos de um homem que, cansado desta nossa realidade baça e descarnada, aprendeu a criar a sua própria vida, sonhando-a, bela e fantástica.
Como o provam as magníficas Cidades Invisíveis do Marco Polo do Calvino, a realidade é sempre mais pobre que a imaginação.
Deus foi um demiurgo muito medíocre. Demasiado realista para o meu gosto. Nem um impressionismozito, nem uma ponta de surrealidade. Um ou outro laivo de realismo social aqui, uns rasgos de naturalismo ali, existencialismo por toda a parte, umas naturezas mortas, uns retratos a óleo, umas caricaturas, uns quantos cromos, aguarelas da Ribeira e pouco mais. Tudo muito pobre para quem se diz chamar Deus! Só três dimensões, ou ainda menos! Umas dúzias de cores e outros quantos sabores. Alguns cheiros, pouquíssimas texturas e quase nenhumas emoções (amor, ódio e mais uma ou duas). Apenas dois sexos!
Não! Se a realidade é só isto, acordem-me por favor!
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Tomás at 11:48 da tarde
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Leitura a dois
O seu pensamento era uma névoa de dúvidas e de autodesconfiança, iluminada, por momentos, por relâmpagos de intuição, mas relâmpagos de tão grande esplendor que, nesses momentos, o mundo parecia fugir-lhe debaixo dos pés como se tivesse sido consumido pelo fogo. - Retrato do Artista Quando Jovem, James Joyce
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Tomás at 12:24 da manhã
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Nada para fazer
É óptimo não ter nada para fazer, pois é sinal de que temos tempo para fazer imensas coisas que normalmente não podemos fazer porque temos imensas coisas para fazer.
Haviam de ver a minha expressão de felicidade quando não tenho nada para fazer. Rejubilo, exalo alegria e boa disposição por todos os poros do meu corpo (esses mesmos poros por onde exalo suor quando faço exercício físico ou penso muito numa coisa) e, como um bom cristão distribuo abraços, bulas papais e notas de dólar pelo povoléu das cercanias. Depois disso tudo desato logo a fazer coisas.
Entre as muitas coisas que gosto de fazer quando não tenho nada para fazer sobressaem as seguintes actividades: beber um café, andar de patins no calçadão Foz-Matosinhos - de preferência de noite, pois descobri, por tentativa e erro, que as famílias domingueiras e os cães com donos atrelados têm mais tendência a mostrar o focinho durante o dia - ler poesia contemporânea portuguesa, passear os meus cães - preferentemente de dia, altura em que estamos menos propensos a ser trucidados por um patinador tresloucado com os olhos postos no último livro do Manuel António Pina - e, last but not the least, gosto particularmente de ver o Fernando Mendes a apresentar o Preço Certo.
Como vêem há todo um manancial de nadas para fazer que podemos fazer nos intervalos das coisas que temos para fazer.
O que é que fazem os Iluminados quando não têm nada para fazer?
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Tomás at 12:09 da manhã
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wsegunda-feira, dezembro 15, 2003 |
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Blocos de Notas
Depois do meu "pacemaker", da próstata artificial e do rim que comprei a um vietnamita por dois caramelos, aquele objecto que eu nunca, mas mesmo nunca largo, é o meu bloco de notas.
Lembrei-me disto porque descobri aqui o site dos blocos de notas mais famosos do mundo, os Moleskine:
A primeira vez que ouvi falar dos Moleskine foi com o Bruce Chatwin. Lembro-me dele falar do elástico que vem com o caderno onde prendia folhas soltas. Os seus Moleskines acompanhavam-no em todas as suas viagens, descritas nos livros "Anatomia da Errância" e "Na Patagónia" editados pela Quetzal. Chatwin é, quanto a mim, o melhor autor de viagens de sempre e uma boa alternativa, dentro desse género de narrativas, ao natalício e insuportável Luis Sepúlveda.
Eu não sou "autor de viagens" e uso outra marca de blocos de notas. Talvez por isso é que escrevo melhor que o Chatwin acerca de tudo menos viagens. Nisso ele é inultrapassável.
Conhecem os "Winsor & Newton"?
São uns cadernos A5 um bocado caros (1000 escudos - não faço a mais pequena ideia de quanto isso seja em euros) mas têm capa dura, o que permite escrever, por exemplo, numa mesa sem tampo. As folhas não têm linhas mas são grossas e ásperas (ou seja, não pedem Bic´s - huuggh, pior que Bic´s só giz num quadro negro) e, além disso, são destacáveis pelo picotado, o que é excelente pois podem seguir imediatamente para o envelope ou para o caixote do lixo.
O único senão destes cadernos é que as folhas são tão boas (e caras) que evitamos escrevinhar coisas que não tenham a dignidade de figurar num livro a sério. Ora, se não escrevinharmos muitas, mas mesmo muitas, coisas que não tenham a dignidade de figurar num livro a sério, o mais provável é nunca chegarmos a escrevinhar nada com dignidade para figurar num livro a sério.
Conclusão, se querem ser escritores, este natal comprem folhas de impressora. Ou, em alternativa, um daqueles livrinhos onde anotávamos as contas da mercearia antes do Pingo Doce ter levado o Sr. Saraiva e a sua esposa à falência.
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Tomás at 4:32 da tarde
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wquinta-feira, dezembro 11, 2003 |
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Cuidado com o Spam
Venho por este meio alertar-vos para o perigo daqueles mails com nomes esquisitos que costumamos receber às dezenas por dia na nossa caixa postal. Como não recebia mais nenhuns senão esses, costumava abri-los a todos. Espero que aquilo que se passou comigo sirva de exemplo e vos convença a arranjar um bom Spam Filter.
Assim reza a minha história:
Há cerca de um ano recebi do Sr. Thompfson Ölapfsen, da Suécia, uma missiva com o seguinte título: "Watch my daughter naked." Curioso, abri o mail que continha um "attachement" de uma fotografia da voluptuosa teenager Thompfson Ölapfsen com os dizeres: "Just give me your credit card number."
Foi o que fiz, e durante 6 meses recebi diariamente fotografias sensuais da mna.Thompfson Ölapfsen e das suas colegiais amiguinhas.
Passado uns meses, o Dr. Nurdbrick Gustafson, da MegaDickens Clinikä na Noruega, envia-me o seguinte mail: "Tomás, Enlarge your Penis, quick and easy."
A princípio fiquei assustado com o conhecimento de causa do Dr. MegaDickens Clinikä pelo que até lhe escrevi num Reply: "Ó Gustafson, como é que tu sabes...?"
Não tendo obtido resposta, e confiando nas suas fontes, lá lhe enviei os 14 mil euros (mais ou menos 14 contos) que me pedia. Passadas umas semanas recebi pelo correio uns folhetos com umas imagens explicativas dos exercícios que tinha de fazer de modo a obter os resultados pretendidos.
Tudo parecia tranquilo. A minha vida sexual com a mna. Thompfson Ölapfsen decorria normalmente (uma vez por dia, às vezes duas) e os exercícios começavam finalmente a dar resultados. Estas duas práticas, aliás, confundiam-se alegremente.
Eis se não quando uns senhores agentes da PJ me entram pela casa adentro, encostam-me à parede, algemam-me mãos atrás das costas, confiscam-me o computador e acusam-me de posse e distribuição de material pedófilo.
- Ora, um gajo já não pode mandar uns "forwards" aos amigos?
Agora, o problema é que aqui em Custóias não tenho acesso à internet e precisava urgentemente de contactar a MegaDickens Clinikä do Dr. Gustafson e pedir-lhes uma solução para o meu caso. É que meio metro de picha fica de fora da cela e o guarda não consegue fechar a porta.
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Tomás at 1:19 da manhã
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wquarta-feira, dezembro 10, 2003 |
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Dissecando o Federalismo - O Preâmbulo
Um dos argumentos utilizados por aqueles que querem incluir no preâmbulo da Constituição da Europa uma referência a Deus e ao Cristianismo é o argumento da necessidade de se encontrar uma identidade europeia, identificando-se os grandes valores culturais que ajudaram a formá-la.
Os Iluminados não querem deixar de contribuir para esta arqueologia de uma matriz europeia pelo que desde já sugerimos mais alguns valores culturais europeus que têm de ser preâmbulados para que essa nossa verdadeira identidade venha ao de cima:
as cruzadas, a inquisição, a caça às bruxas e o extermínio dos judeus.
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Tomás at 2:04 da tarde
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wterça-feira, dezembro 09, 2003 |
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Manual sobre Vivência - Quando nascemos havíamos de vir com um.
É que os outros têm todos Manuais de Como nos Foderem! Sei lá onde é que os arranjaram! Só sei que os têem e resultam muito bem.
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Tomás at 4:23 da manhã
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Faço parte da massa de portugueses desconfiados e desiludidos com tudo e mais alguma coisa. A lama espiritual e intelectual em que me encontro explica (mas não desculpa) a pouca dinâmica que tenho tentado incutir aos Iluminados. Apresento aqui as minhas desculpas. À falta de prendas de natal (a crise, ai a crise...) conto com o bolo rei e as rabanadas para me desatolarem desta merda metafísica em que me encontro...
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Tomás at 4:22 da manhã
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Querer Compreender o que quer que seja (o eu, o nós, o mundo, etc.) é o objectivo mais estúpido a que uma pessoa inteligente se pode propor. Objectivos querem-se concretos: um lugar no conselho de administração do BPI; ser Presidente da República; ter muitos filhos e muito dinheiro...
Querer compreender só não é um objectivo mais estúpido que ser feliz porque uma pessoa inteligente já nem equaciona esta hipótese.
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Tomás at 3:17 da manhã
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wquarta-feira, dezembro 03, 2003 |
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TV: droga dura ou paliativo? - Conheço algumas pessoas que passam incólumes ao vício da televisão. Ficam horas apáticas em frente ao ecrã e depois levantam-se do sofá e conversam com os amigos, marcam jantares e saidas à noite, têm opiniões sobre determinados assuntos, são de trato fácil e têm sentido de humor. São, enfim, pessoas interessantes e com quem gosto de estar.
Ao lidar com essas pessoas, se não soubesse, nem sequer suspeitaria que acabaram de ser submetidas a uma injecção intra-neuronal de imbecilidade e alienação via programas de TV (e isto, em alguns casos, depois de 8 horas de trabalho e algumas de trânsito).
Transcende-me a capacidade de um telespectador assíduo manter uma mente sã. Simplesmente não compreendo como o fazem.
Desenganem-se aqueles que julgam que estou a ser irónico. A mim, basta-me passar por uma televisão ligada para, nas 8 ou 9 horas seguintes, ficar intelectualmente muito parecido com um zombie do clip do Michael Jackson, ou com uma criança de dez anos com dificuldades de aprendizagem.
Imagino como seriam essas pessoas se aproveitassem todas as horas gastas em frente à pantalha para actividades mais interessantes e criativas.
Ou como diz o Luís Fernandes hoje no Público:
É por isso que ver tanta televisão faz tão mal como ingerir muita droga, e até pior. Porque com a ingestão televisiva ingerimos simultaneamente droga, enquanto o contrário não é verdadeiro.
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Tomás at 2:28 da tarde
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wquinta-feira, novembro 27, 2003 |
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O Folhetim faz uma pausa.
Nos próximos dias estarei aqui a vaguear pela Avenida Colón e pelo bairro judeu, e a emborracharme pela zona da Catedral.
Segue-se o programa de actividades:
Jueves, Viernes, Sábado, Domingo y Lunes - Dia líbre sín derecho a viaje en autopullman.
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Tomás at 9:57 da manhã
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wquarta-feira, novembro 19, 2003 |
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O Milagre da Saúde
Com 40º de febre o mercúrio do termómetro parece um alpinista.
Com 40º de febre deixamos de saber o que andamos para aqui a fazer. Isto não é novidade nenhuma mas deixarmos de saber o que andamos para aqui a fazer com 40º de febre é muito pior do que deixarmos de saber o que andamos para aqui a fazer com 36 e meio.
Com 40º de febre escrevemos duas linhas de filosofia de pacotilha (como as duas linhas anteriores) e julgamos ter escrito um tratado filosófico-humorístico ímpar no panorama cultural galáctico.
Com 40º de febre ansiamos pela hora do Portugal no Coração, o Big Brother é um bom programa e a Operação Triunfo demasiado erudita para o meu gosto.
Com 40º de febre vomitamos por motivos estranhos aos anteriores programas, o que é estranho.
Felizmente que, com 40º de febre, o mercúrio do termómetro começa a ter vertigens e insiste em voltar para baixo.
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Tomás at 7:18 da tarde
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wsegunda-feira, novembro 17, 2003 |
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Os patetas-alegres
Uma pessoa alegre não é necessariamente um pateta, da mesma forma que um pateta não é necessáriamente uma pessoa alegre. No entanto, uma pessoa alegre passa, a mais das vezes, aos olhos dos outros, por um pateta.
A razão deste falso analogismo é que uma pessoa alegre é normalmente tida como uma pessoa fútil e parva que vive alheada dos grandes problemas existenciais que afligem as pessoas minimamente inteligentes e interessantes. Estas pessoas devem (para serem inteligentes e interessantes) viver permanentemente preocupadas com problemas como a morte e a perenidade da vida humana, a solidão que a todos nos afecta, o problema do peso de uma vida em sociedade, ou seja, a necessidade de conciliar a nossa vontade extrema de liberdade com a nossa necessidade de viver em sociedade (os outros são o inferno, diziam os existencialistas), o amor que os filmes americanos pintam tão puro e que para nós (sempre só para nós) parece uma quimera inalcansável. Bem como outros problemas menos egoístas como a existência do mal, do sofrimento desnecessário de outros seres humanos, a guerra, a pobreza, a estupidez, a ignorãncia, a intolerância, etc, etc, etc.
As pessoas alegres parecem passar airosamente ao lado disto tudo e de muito mais. Certos de que é impossível alguém ser feliz com tanta miséria à nossa volta e dentro de nós mesmos, atribui-se a explicação dessa felicidade à menor capacidade intelectual ou à menor consciência social dessa pessoa: É um pateta-alegre. - dizem.
Pois eu digo que patetas é aquele que afirma isso. Pateta e ainda por cima triste.
Triste porque quem vive constantemente afligido pelo peso dos seus problemas e pelo peso dos problemas dos outros é, necessáriamente, triste.
Pateta por duas razões:
a) porque transmite desnecessariamente essa sua insatisfação a todos os que o rodeiam. Essa insatisfação é comum a todos nós, mesmo aos patetas-alegres, no entanto os outros não têm nada que levar com ela. Como tal há que guardá-la para nós mesmo.
b) como pessoas inteligentes que aparentemente somos, devíamos perceber que (até prova em contrário) só se vive uma vez e, como tal, é uma obrigação moral ser-se feliz. Se só estamos cá por pouco tempo vamos procurar tornar esta estadia o mais agradável possível. Mesmo aqueles que desconfiam que há algo mais, não deviam arriscar tudo numa incerta felicidade post-mortem.
Os verdadeiros Iluminados são, portanto, uns patetas-alegres.
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Tomás at 10:58 da manhã
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Causas da infelicidade - Bertrand Russel falava de três grandes causas para a infelicidade: a competição, a inveja e a mania da perseguição. Os budistas também referem três causas: a cobiça, a aversão e a ignorância. Eu e um trio de Iluminadas descobrimos mais uma: viver em Lisboa.
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Tomás at 12:25 da manhã
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wsexta-feira, novembro 14, 2003 |
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De propósito para esta história recordo aqui, da letra B do Dicionário Iluminados, a palavra:
Barbeiro – Local da mais alta metafisica, proibido a carecas, homosexuais e kanteanos. O barbeiro tem sempre razão. Esta infalível estatística deve-se, sem dúvida alguma, ao facto de o digno profissional ter sempre uma lâmina afiada encostada à nossa carótida. Ainda está para aparecer um barbeiro de esquerda.
O cliente anterior
Hoje fiz a visita mensal ao meu barbeiro - não revelarei o seu verdadeiro nome porque ele não quer publicidade. Chamemos-lhe Joel.
Quando vou cortar o cabelo à barbearia do Joel chego sempre um bocadinho mais cedo que a hora marcada - só para cuscar a conversa com o cliente anterior.
Eu nunca gosto do cliente anterior.
O cliente anterior é sempre mais engraçado que eu, tem sempre mais conversa que eu, é sempre mais bem educado que eu, veste-se sempre melhor que eu e muitas vezes deixa gorjeta, o que eu nunca faço.
O cliente anterior é o centro das atenções da barbearia (constituida pelo Joel, por mim mesmo e pelo cliente seguinte, que entretanto entrou).
Sentado no alto de uma daquelas poltronas de barbeiro tipo trono (um trono foleiro, mas um trono), o cliente anterior é possuidor de um obsequioso pajem que pulula à sua volta com o intuito de o embelezar (Joel) e de uma corte de súbditos gadelhudos encolhidos nos bancos de pau em seu redor (eu e o cliente seguinte).
O cliente anterior é Rei!
Tenho ciúmes do cliente anterior mas mesmo assim (num acto masoquista só comparado com aqueles maridos que gostam de ver a mulher na cama com cinco basquetebolistas afro-americanos bem dotados) chego sempre um bocadinho mais cedo para ouvir o que El Rei tem para dizer.
É incrível! O cliente anterior é sempre mais acutilante que eu na análise política contemporânea (nacional e internacional). O cliente anterior sabe o resultado de todos os jogos da super liga de futebol, sabe quem é que marcou todos os golos e sabe ainda quem é que marcaria ainda mais golos se tivessem sido feitas as substituições que ele sabe que seriam as mais correctas. O cliente anterior conhece pessoas influentes. O cliente anterior vai arranjar ao Joel dois bilhetes para a inauguração do Estádio do Dragão (para si e para a Ruth). O cliente anterior sabe o nome da mulher do Joel. O cliente anterior tem o cabelo liso, suave e brilhante e ainda põe brilhantina nos sapatos. O cliente anterior tem tudo isto e eu, ainda assim, chego 5 minutos mais cedo para o ouvir.
Por fim o cliente anterior levanta-se. Paga com uma nota novinha em folha, despede-se do Joel e passa airoso por mim e pelo cliente seguinte que, de olhos colados no chão, levamos com uma chapada de Old Spice na tromba a anunciar : Próóximo!
Levanto-me ainda a medo e dou dois ou três passos tímidos em direcção à cadeira que o cliente anterior deixou coberta de pilosidades capilares. O relógio da barbearia bate as 19h00. A minha hora.
Sento-me. Joel dá-me as boas tardes e um sorriso de confiança começa a subir-me ao rosto. Finco bem as mãos no meu trono enquanto Joel aperta em torno do meu pescoço o meu manto de monarca. Rei morto rei posto! - penso para comigo. Agora eu é que sou o cliente anterior!
Pelo espelho procuro desafiador o olhar do cliente seguinte que se afunda atemorizado no seu banco de pau. Levo a mão ao bolso da camisa e vejo que não me esqueci de ir ao banco levantar uma nota novinha em folha.
Estou pronto para a coroação. Pondero se deva mandar guilhotinar o cliente seguinte, para que ele nunca chegue a ser cliente anterior.
Corta bem rente! - ordeno a Joel, promovido a carrasco.
TomaZ
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Tomás at 1:47 da manhã
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wquinta-feira, novembro 13, 2003 |
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Abdica e sê rei de ti próprio
Ricardo Reis aconselha-nos calma e serenidade.
Calma e serenidade no amor e nos sentimentos.
Mas o que este pagão apolínio nunca soube é que os momentos de rubra febre apaixonada compensam,
se não superam mesmo, aqueleoutros de queda e depressão em que temos a alma debaixo de uma pedra.
Tirem-me os Deuses
Tirem-me os deuses
Em seu arbítrio
Superior e urdido às escondidas
O Amor, glória e riqueza.
Tirem, mas deixem-me,
Deixem-me apenas
A consciência lúcida e solene
Das coisas e dos seres.
Pouco me importa
Amor ou glória,
A riqueza é um metal, a glória é um eco
E o amor uma sombra.
Mas a concisa
Atenção dada
Às formas e às maneiras dos objetos
Tem abrigo seguro.
Seus fundamentos
São todo o mundo,
Seu amor é o plácido Universo,
Sua riqueza a vida.
A sua glória
É a suprema
Certeza da solene e clara posse
Das formas dos objetos.
O resto passa,
E teme a morte.
Só nada teme ou sofre a visão clara
E inútil do Universo.
Essa a si basta,
Nada deseja
Salvo o orgulho de ver sempre claro
Até deixar de ver
Ricardo Reis
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Tomás at 12:37 da manhã
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O voyeur não é o vizinho da frente
Da janela do meu quarto observo os primeiros raios de sol que queimam o teu rosto adormecido.
Vejo-te levantar e acompanho com o olhar o teu corpo esguio que dança indolente e sensual sob o tecido leve da tua camisa de alças enquanto procura o roupão branco que te abraça todas as manhãs e promete não te largar - imagina, o dia todo no seu aconchego.
Da janela do meu quarto vejo que bebes o primeiro copo de água bem fresca, logo pela manhã, quando ainda os teus cabelos plúmbeos lembram a almofada da cama e o cheiro das torradas e da manteiga derretida anuncia que o café está pronto. Um gesto muito teu para os afastar da cara corre a cortina de ferro que todos os dias se mete entre nós.
O teu banho é o momento do meu pudor. Recolho-me, silencioso. Baixo o olhar, envergonhado.
Cinco minutos depois já estás vestida, as chaves do carro estão no sítio do costume, sais de casa e fechas a porta.
- Até logo! Quando chegares estarei na sala a ler os Classificados, fingindo que acredito que só preciso de arranjar outro emprego para que voltes a falar comigo.
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Tomás at 2:33 da manhã
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wquinta-feira, novembro 06, 2003 |
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O leitor terá de ir exercitar o seu voyerismo para outro lado (sugiro um programa que passa na TVi...) pois eu tenho de ir arranjar o telhado da minha cottage.
Bom fim de semana!
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Tomás at 1:54 da manhã
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wterça-feira, novembro 04, 2003 |
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Leitura a dois
Entreguemo-nos unicamente à busca da verdade. A vida é miserável e a hora da morte incerta. Se me surpreender de súbito, em que estado sairei deste mundo e onde aprenderei o que nesta vida negligenciei saber? Não terei antes de suportar os suplícios desta negligência? E se a morte me amputar e exterminar todas estas preocupações, tirando-me os sentidos? É preciso, portanto, examinar também este ponto" Confissões de Santo Agostinho
Aqui também se lê a dois
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Tomás at 6:58 da manhã
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Viva Portugal! Vivam os portugueses!
Descobri no Prós e Contras de hoje o que já suspeitava há muito tempo:
- 10% dos portugueses estão informados sobre o projecto da Constituição Europeia
- 1% dos portugueses estão neste momento a ler poemas homéricos directamente do grego ático
- 1% dos portugueses acham que isto só vai lá com uma revolução armada
- 2% dos portugueses estão a tricotar camisolas de lã para os netinhos
- 2% dos portugueses usam roupa interior feminina vermelha
- 2% das portuguesas também
- 11% dos portugueses gostariam de ter nascido no Reino Unido
- 2% dos portugueses gostariam muito de mudar de sexo
- 2 portugueses (percentagem ridícula) acham que deviamos mandar tropas para Madagáscar
- 90% dos portugueses não sabe/não responde
- 90% dos portugueses não pergunta
- 90% dos portugueses não quer saber
- 90% dos portugueses acham que já sabem tudo e que a culpa é dos políticos
- 10% dos portugueses acham que a culpa é dos 90% de portugueses que acham que já sabem tudo e que dizem que a culpa é dos políticos
- 1% dos portugueses são sócios desta associação
- 90% dos portugueses acham que o Telmo fez bem em sair da casa do Big Brother
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Tomás at 12:03 da manhã
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wdomingo, novembro 02, 2003 |
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Uma pergunta do Iluminado Diogo
O que é escrever bem?
Será que o escrever bem varia de acordo com os gostos de cada pessoa, ou independentemente disso, escrever bem está logo patente quando se escreve?
Podiamos pensar logo, ao ler este artigo, no nosso autor preferido. No meu caso seria o António Lobo Antunes. Eu gosto do que ele escreve, mas é escrever bem? Por outro lado, se o Saramago ganha o Nobel com a escrita dela, eu devo então ter mau gosto.
Penso que escrever bem ultrapassa o gosto pessoal de cada um. Há autores que escrevem bem e determinada pessoa pode detestar, como por outro lado, haverá autores que são um atentado e que têm milhares de seguidores. Cada um terá algum aspecto positivo, pois os humanos têm sempre uma caracteristica que os distingue individualmente, e é essa caracteristica que se deve exaltar e aproveitar.
O escrever bem, deve então ser quase sempre. Deve ser o aproveitar o que cada autor tem para dar, por muito mau que seja. Nem que seja para aprender com os erros.
Diogo, escrever mal é isto e escrever bem é isto.
Ou será ao contrário?
os humanos têm sempre uma caracteristica que os distingue individualmente, e é essa caracteristica que se deve exaltar e aproveitar.
Exactamente!
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Unknown at 9:24 da tarde
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wsábado, novembro 01, 2003 |
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Os Ginasiantes (adenda à letra G do Dicionário Iluminados)
Muito frequentemente dou por mim a irritar-me solenemente com aquelas pessoas que vão bem dispostas para o ginásio e que, ainda por cima, parecem querer-nos impingir a sua boa disposição institucional.
O que os ginasiantes (essa escória de gente que frequenta os ginásios, amálgama de jucundos professores de aeróbica brasileiros, alterofilistas amadores e ex-bailarinas na reforma) parecem não saber é que um ginásio não é um sítio para se estar bem disposto.
Um ginásio é um sítio onde se cultiva o corpo jovem e saudável. Ora, é uma verdade insofismável que todos nós (ginasiantes incluídos) estamos a ficar cada vez mais velhos e rotos (e os donos dos ginásios têm o costume sádico de colocar lá espelhos para nos lembrarem disso mesmo). Como tal, um ginásio deveria ser um local de depressão e sacrifício (uma espécie de "Salão do Reino das Testemunhas de Jeová Sodomitas" em versão fato de treino), daí que eu não veja motivo algum para todos aqueles risinhos e gritos de incentivo com que os ginasiantes insistem em nos brindar.
Deviamos era estar todos a chorar e a procurar consolar-nos uns aos outros do nosso destino fenecente, e de preferência deviamos fazer isso tudo na Sauna.
Sinceramente não vejo como é que saltar ao pé coxinho em cima de um step , vestido de pantera cor de rosa e a transpirar banha e óleo de batatas fritas pode fazer alguma coisa pela nossa angústia existencial.
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Tomás at 3:54 da manhã
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wsexta-feira, outubro 31, 2003 |
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É incrivel como as pessoas lêem o que escrevemos e entendem o que querem!...
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Tomás at 5:39 da tarde
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Se eu não fosse eu não lia os Iluminados
Eu não leio Blog´s.
É verdade, tenho uns quantos nos "Favoritos" mas se perder 5 minutos por dia a passar os olhos por eles é muito. (vá lá, 10 minutos)
Para dizer a verdade, se eu não fosse eu (que passo horas por dia a masturbar-me em frente ao computador a ler as minhas prosas aqui nos Iluminados) nem perdia um segundo que fosse a ler o que escrevo (uso a 1ª pessoa indevidamente porque se eu não fosse eu e fosse outro o correcto seria dizer "escreve").
Espanta-me muito que as pessoas me leiam.
Ainda hoje no autocarro uma senhora velhinha abeirou-se-me e disse: Eu leio-o.
Ao que eu respondi espantado: Ahhh, a sério?.
Mas vocês não têm mais nada para fazer?
Se fossem cultos como eu e andassem preocupados em descobrir tempo para encaixar a Odisseia do Homero no meio das Confissões do Santo Agostinho de certeza que não perdiam um minuto que fosse a ler Os Iluminados, tal como eu não perco tempo algum a ler-vos a vocês.
Por acaso V.Excs. são santos ou doutores da Igreja? Ou Ho(mens) com nome de peixe (mero) que conseguiu a façanha de escrever um poema ao longo de 800 anos? Não são pois não? - não, minha senhora, não me interessa se tem uma virgem de loiça a chorar cera em casa, isso não conta.
Então se não são nada disso escusam de andar para aí a alinhavar pensamentos baratos que eu só leio livros de capa dura, escritos por autores já mortos e de preferência homens (vá se lá saber porquê)
PS - exceptuando claro o Abrupto, o Dicionário do Diabo, o Fumaças, o Possidónio, a Janela...
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Tomás at 12:45 da manhã
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wquinta-feira, outubro 30, 2003 |
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Serve este post de teste ao problema dos acentos (nunca mais sai uma palavra com acento...), para agradecer ao João (ah, cá está um) Carvalho Fernandes pela preciosa dica e para anunciar o novo endereço do seu blog.
Lembram-se do epicurista Fumaças? Pois agora ele está aqui
Abraço João.
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Tomás at 9:59 da tarde
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Escreveu o Iluminado P.P. acerca do meu texto Etica Objectiva:
Sinto-me de certa forma atingido porque faço parte deste "grupo especial",
porque na minha maneira de ver as coisas cada "macaco no seu galho". Sim
acho que existem diferentes culturas com diferentes pensamentos, estilos de
vida, costumes e tradições que na minha forma de ver devem ser respeitadas
pois estas existem e têm uma razão de ser.
Depois afirmas que estas pessoas que se "calam" são cobardes(!), por não
emitirem a sua opinião.....Tomás, apenas existem pessoas com diferentes
opiniões sobre o que é certo e é errado, sobre o conceito da sociedade em
que deveriamos viver, sobre muitos outros assuntos que nos tocam e nos dizem
respeito.
Obviamente que nós, ocidentais temos perspectivas completamente diferentes,
em relação aos países árabes.........por exemplo, vai uma mulher Marroquina
no meio de uma praça em Marrocos, para nós Ocidentais seria uma coisa
absolutamente inofensiva, sem importância(ou talvez não lol), para um
Marroquino seria uma ofensa aos custumes, á cultura e á religião. Perante
este facto consegues-me convencer que quando o povo Marroquino tem estes
costumes que têm séculos de existência, estão errados? Será que as mulheres
estão a ser descriminadas? Será que a religião Islâmica não tem uma razão de
ser? Será fruto de uma evolução lógica num determinado local do mundo? Vais
ser tu a julgar se isto está errado ou não?.......
Obviamente que todos nós TEMOS direito á nossa opinião, mas daí a "julgar"
milhares de anos de história, sobre o bem e o mal, apenas na teoria da
"Autoridade Universal da Razão" parece-me irrealista e infundada.
Remeto a minha resposta para o texto abaixo
posted by
Tomás at 2:02 da tarde
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- peço desculpa, mas os textos continuam em versao sem (alguns) acentos, pelo menos até alguém me explicar como se resolve este problema -
Cada Macaco no seu Galho
Hoje tive de me chatear com um grupo de Relativistas Culturais da minha rua.
Este grupo de jovens diletantes tem andado a alardear o seu cepticismo para com as convençoes éticas da minha zona ha ja algum tempo. Têm sido vistos a pintar com grafitti bancos de jardim, muros de casas e contentores do lixo.
Porque sou uma pessoa pacifica que nunca procura conflitos tenho-me calado e deixado passar estas iniquidades, considerando-as simples devaneios proprios da juventude (além do mais ainda nao se lembraram de pintar o muro de minha casa.)
Mas hoje estes jovens passaram das marcas,e vi-me na obrigaçao de intervir.
Ha uns meses atras foram plantados na minha rua uns pequenos carvalhos que ainda nao tiveram tempo de se desenvolver. Têm cerca de 2 metros de altura, mas o seu tronco ainda é muito fino e fragil.
Aproveitando-se dessas caracteristicas do tronco assim como da natureza passiva da arvore, que normalmente nao se defende - e muito menos responde - a agressoes, alguns destes Relativistas Culturais da minha zona resolveram animar a sua tarde partindo o tronco de duas dessas arvores, que agora jazem inertes no passeio.
Como disse, sou uma pessoa pacifica e tolerante, mas como também sou um objectivista ético, considerei esta atitude errada e condenavel e, como tal, achei que este atentado nao podia passar em claro.
Dirigi-me ao grupo de jovens e perguntei-lhes porque é que tinham feito aquilo, e se achavam bem:
- Jovens, - disse eu - eu sei que vocês sao Relativistas Culturais, e eu respeito isso, mas nao acham que o que fizeram às pobres arvores esta errado?
Um deles, mais afoito, levantou-se do banco, arrepuxou as calças largas que lhe caiam pelos joelhos abaixo e, no meio de uma salgalhada de piercings na lingua, gestos e interjeiçoes a imitar o ultimo video-clip de pretos na MTV disse o seguinte:
- YO, mano, por acaso nao sabes que faz parte da nossa cultura suburbana matar tudo o que é verde? Nos, que nascemos e vivemos encaixotados em cimento, nao gostamos que nos lembrem que existem coisas bonitas como arvores, passaros e coisas assim. Como tal, mano, passamos o dia a destruir tudo isso.
Além disso mano, como tu sabes, somos Relativistas Culturais, esta é a nossa opiniao, radicada, como te expliquei, na nossa cultura de suburbio, e tu tens mais é que respeitar esta nossa cultura e nao tens nada que criticar aquilo que fazemos ou tentar impedir que exerçamos o direito de nos exprimirmos como muito bem quisermos (matando arvores, pintando muros de casas, atropelando velhinhas nas passadeiras, ou o que seja). Sao opinioes e reflexos culturais, por isso pisga-te que ja te estou a ver mal..
Devo dizer-vos, meus amigos, que fiquei impressionado com a articulaçao discursiva deste jovem Relativista Cultural de boné afunilado na pala, mas isso nao impediu de (e de acordo com a teoria relativista que acabara de me ser explicada) exprimir algumas das minhas proprias opinioes e pusesse em pratica as minhas proprias crenças culturais (uma delas é a que me diz que é mau matar arvores, e a outra a que me diz que quem mata arvores merece ser castigado), dando ao jovem Relativista duas chibatadas na cara e pendurando-o pelo pescoço no galho de uma das arvores remanescentes da minha rua para que servisse de exemplo a outros como ele.
Acho que fiz o correcto. Pelo menos fiz o que eu achava que era correcto, o que para um Relativista Cultural é a mesma coisa. Deve ser por isso (por concordar comigo, portanto) que o jovem pendurado pelo pescoço no galho de uma das arvores remanescentes da minha rua nao se queixou do que lhe fiz e, passado umas horas, ainda la esta... apenas um pouco mais azul.
E o que eu sempre digo: "Opinioes sao para ser respeitadas! Cada macaco no seu galho."
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Tomás at 1:35 da tarde
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wterça-feira, outubro 28, 2003 |
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- peço desculpa, mas os textos continuam em versao sem (alguns) acentos, pelo menos até alguém me explicar como se resolve este problema -
Etica Objectiva. Acerca do livro The Last Word.
Jovem, se és daquelas pessoas que pensam que todos os comportamentos têm uma justificaçao historica, sociologica, cultural ou antropologica e julgas que esse tipo de justificaçao é o unico possevel, se achas, jovem, que aquilo que é moralmente bom no Porto e em Lisboa pode nao ser moralmente bom em Bagdad ou Islamabad, se és daquelas pessoas para quem a tolerância com os costumes e tradiçoes dos povos n?o deixa que se faça qualquer critica acerca do valor objectivo desses costumes e tradiçoes, se achas que o sistema de castas na India, o papel das mulheres nas sociedades islâmicas, as touradas em Portugal e Espanha, a excisao clitorial em certas tribos africanas, a nao separaçao entre religiao e estado nos paises do médio oriente, assim como outros valores “culturalmente sens?veis”, n?o podem ser considerados certos ou errados, n?o est?o mais pr?ximos do bem ou do mal mas s?o simplesmente manifestaç?es culturais inatac?veis, se pensas tudo isso, jovem, TENS IMPRETERIVELMENTE DE LER ESTE LIVRO. - The Last Word, de Thomas Nagel
Se encaixas na anterior descriçao fica sabendo que és um relativista cultural e, segundo Nagel, és um dos responseveis pelo actual laxismo intelectual da cultura contemporânea. Um buraco negro onde tudo vale porque tudo é relativo ( relativo a paises, a regioes, a tempos historicos e, em ultima analise, a pessoas) onde tudo nao passa de opinioes, tradiçoes, culturas e, em ultima analise, construçao do sujeito.
Contra estas posiçoes cobard... ahm... relativistas tao em voga, Nagel avança com o postulado da “Autoridade Universal da Razao” reflexo de uma razao universal independente do sujeito e mesmo da espécie humana
Defender a razao universal significa afirmar a existência de uma ordem na natureza (principios basicos que existiriam mesmo que o homem nao existisse e que qualquer pessoa com alguma inteligência dever? reconhecer como correctos) que pode ser desvelada pela razao humana. Essa ordem natural pode ser encontrada em dominios tao dispares como a logica, a matematica, a ciência, a linguagem e até mesmo na ética (ou moral, que é a mesma coisa).
A tese de Nagel acerca da objectividade da ética é a mais corajosa deste livro e é nela que me vou concentrar.
A objectividade da ética partir? do pressuposto universal de que todos os seres humanos (Nagel nao fala aqui de uma ética animal) têm um valor intrinseco, ou seja têm valor por si mesmos e nao apenas relativamente a outras pessoas, à sociedade ou a outras entidades mais ou menos abstractas (como por exemplo, o “bem comum”) e, como tal, sao ao mesmo tempo credores e devedores dos mesmo direitos e deveres basicos.
Partindo deste universal basico e objectivo (pelo menos para uma pessoa racional, o unico tipo de pessoas com quem é possivel discutir ética) é possivel, através da razao, (e aqui é que entra o postulado da Autoridade Universal da Razao) atingir conhecimentos ou valores éticos objectivos “cuja validade é independente do nosso ponto de vista” (como por exemplo, “é mau infligir sofrimento desnecessario a outro ser humano”, ou “é mau fazer parte, apoiar ou nao denunciar praticas culturais que descriminem ou inflijam sofrimento desnecessario a outros seres humanos”, etc.)
Este “core” ou nucleo duro de valores objectivos é éticamente superior a quaisquer pretensoes relativistas normalmente desculpabilizadoras de comportamentos que nao respeitam estes valores basicos. Para provar essa superioridade, diz-nos Nagel, nao ha nada melhor que pôr em confronto no plano do real (onde se deve mover a ética) ambas as teorias (a objectivista e a relativista, ou subjectivista) e ver qual das duas tem melhores condiçoes para passar o crivo da razao critica.
As liçoes da historia, o nosso confronto com a praxis quotidiana e a confiança depositada na razao nao deixam margem para qualquer duvida:
“quando o relativismo é confrontado com propostas rivais nao consegue impor-se como inequivocamente verdadeiro, mesmo nos poucos casos em que nao é ininteligivel.”
Esconder-mo-nos atras do filtro do relativismo e da tolerância é uma posiçao f?cil e cobarde (ou talvez apenas sinal de imaturidade).
Se temos uma capacidade de raciocinio que, bem utilizada, nos permite ir destrinçando gradualmente o bem do mal, por quê escolher a posiçao comoda da esponja intelectual que tudo aceita, que tudo absolve, que a tudo diz sim, que nada rejeita ou critica?
A ideia fundamental que retiramos do livro de Nagel é a de que temos de assumir a nossa racionalidade, o nosso caracter intrinsecamente critico “responsabilizando-nos pelos nossos pensamentos e escolhas e argumentando a favor das nossas ideias.”
“Uma vez chegados ao mundo para a nossa estadia temporaria, n?o temos alternativa senao tentar decidir em que acreditar e como viver, e a unica maneira de fazer isto é tentar decidir como as coisas sao e o que esta certo.” - The Last Word, Thomas Nagel (pg.143)
PS – Este livro encontra-se traduzido pela Gradiva com o titulo “A Ultima palavra”
Outras recens?es:
Desidério Murcho
Sara Bizarro
TomaZ
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Tomás at 6:35 da tarde
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Dogville - O filme tinha tudo para ser mau. A história passáva-se num cenário
brechtiano, uma espécie de teatro niilista difuso, a intriga não foi
deliniada logo nos primeiros 5 minutos, mas antes vai pairando sobre as
personagens ao longo do filme ao estilo de um romance de Kafka, não
tinha banda sonora nem efeitos especiais. Reformulando a primeira frase,
o filme tinha tudo para ser muito mau segundo os cânones "hollywodescos"
e extremamente bom segundo os cânones europeus, o que é muito mau.
Nada mais errado. O filme é excelente, se não mesmo sublime.
Nunca pensei que a condição humana pudesse ser tão bem retratada fora
das páginas de um livro... ah, é verdade, já me esquecia do "Ondas de
Paixão" e do "Dancer in the Dark".
5 estrelas.
posted by
Tomás at 6:33 da tarde
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wsegunda-feira, outubro 27, 2003 |
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Nao ha duvida que os caminhos se bifurcam.
Hoje de manh? enviei para os Iluminados um mail sobre J.L. Borges. Ao fim da tarde laureei uma Iluminada com um livro do Oscar Wilde, e nao é que à noitinha os dois se cruzam aqui?
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Tomás at 1:01 da manhã
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- peço desculpa, mas os textos continuam em vers?o sem acentos, pelo menos até alguém me explicar como e resolve este problema -
Dissecando o Federalismo - O Referendo
Finalmente alguém disposto a problematizar este problema.
O Bloco de Esquerda parece ser o ?nico partido que ainda consegue
manter-se afastado desta novela de escutas e segredos de justiça e
concentrar-se nos problemas realmente importantes (os outros também sao,
mas nao tanto). Para o provar avançou com tres sugestoes de perguntas
para o referendo. Aqui estao elas:
1 - Concorda com a instituiçao de uma Constituiçao Europeia, da Uniao
Europeia, que tenha primazia sobre a Constituiçao da Rep?blica
Portuguesa?
2 - Concorda com a criaçao do cargo de presidente do Conselho Europeu,
em substituiçao das presidencias rotativas por todos os Estados membros
da Uniao Europeia?
3 - Concorda com o aumento de atribuiçoes e poderes da Uniao Europeia no
dom?nio da Defesa?
Estas perguntas nao sao definitivas (nem o referendo o é) mas pelo menos
j? servem de base para alguma discussao.
Neste momento, a estas 3 perguntas eu votaria respectivamente:
1) Sim;
2) Nao;
3) Sim.
Passo a justificar cada uma destas sentenças.
1) Julgo que nao faz sentido nenhum uma Constituiçao que nao seja uma
lei fundamental que se sobreponha às outras leis (menos) fundamentais de
cada pa?s.
Essa lei fundamental comum dever? explicitar o nucleo de valores e
princ?pios pelos quais todos os pa?ses e cidadaos da Uniao se deverao
reger, dever? também estipular as "regras do jogo", ou seja os direitos
e deveres comuns a todos os pa?ses e cidadaos da Uniao e dever? obrigar
esses pa?ses e cidad?os a esses direitos e deveres comuns.
Sem uma lei fundamental comum (Constituiç?o Europeia numa acepç?o forte)
cada um far? o que quer e nao haver? verdadeira Uniao, mas apenas pa?ses
e cidad?os que tentar?o retirar os benef?cios da Uni?o sem arcar com os
aspectos negativos, ou seja, tudo ficaria como est?, nada se alteraria.
2) Quanto ao cargo de um presidente da Uniao.
Nao tenho d?vidas que ser? necess?rio um comando forte da Uniao, mas
penso que uma presidência rotativa serve melhor os interesses de todos
os pa?ses. No entanto o papel do presidente nunca ter? um poder por a?
além. O verdadeiro centro de decisoes da Uniao deve estar o mais pr?ximo
poss?vel dos europeus, ou seja no Parlamento Europeu
3) Finalmente, concordo com o aumento de atribuiçoes e poderes da Uniao
Europeia no dom?nio da Defesa, pois defendo a l?gica de uma europa
unida, forte e com voz no mundo.
E por que defender uma europa com voz no mundo? Entre muitas outras
coisas, por isto:
Se h? coisa que a Europa tem que os EUA n?o tem (genericamente falando)
é consciencia social. Nos EUA o individualismo é a ideologia dominante e
neste momento os americanos alargam essa ideologia ao mundo através da
globalizaç?o liberal.
Depois do absurdo da guerra fria, uma europa forte pode servir de
contrapeso vi?vel a essa globalizaç?o selvagem.
posted by
Tomás at 1:08 da manhã
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wquinta-feira, outubro 16, 2003 |
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E esta, hem?
Os relativistas morais imaginam que estão a defender os direitos dos povos das culturas não ocidentais a preservar os seus próprios valores mas, quando o relativismo moral é levado a sério, anula todos os argumentos éticos contra o imperialismo cultural: se a moral é sempre relativa à sociedade, o leitor, vindo da sua sociedade, tem os seus próprios padrões morais, e eu, vindo da minha, tenho os meus. Segue-se que, quando critico os seus padrões morais, estou simplesmente a exprimir a moral da minha sociedade, mas também é verdade que, quando o leitor critica a minha condenação dos padrões morais da sua sociedade, está simplesmente a exprimir a moral da sua sociedade. Nesta perspectiva, não há forma de alguém se libertar da moral da sua sociedade e dar voz a um juízo moral transcultural ou objectivo sobre seja o que for, incluindo o respeito pelas culturas de povos diferentes. Deste modo, se por acaso vivermos numa cultura que honre aqueles que submetem outras sociedades e suprimem as respectivas culturas — e as próprias pessoas que defendem o relativismo moral afirmam muitas vezes que esta é a tradição ocidental — então esta é a nossa moral, e o relativista não consegue oferecer qualquer razão convincente para não prosseguirmos nesta via. (Peter Singer)
posted by
Tomás at 11:04 da tarde
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wterça-feira, outubro 14, 2003 |
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Dissecando o Federalismo - O Patriotismo
Um dos argumentos que tem sido evocado para recusar uma Constituiçao
Europeia é o de que esta se sobreporia à Constituiçao nacional. E um dos
principios evocados para fundamentar este argumento é o do Patriotismo:
"Sou patriota e, como tal, nao aceito uma Constituiçao que se sobreponha
à Constituiçao Portuguesa."
O problema aqui nao esta em se ser patriota, esta em insinuar que para o
ser ha que rejeitar uma Constituiçao Europeia que se sobreponha à
portuguesa, o que ao mesmo tempo é dizer que quem aceita essa
Constituiçao Europeia nao é patriota.
Para começar o patriotismo nao é por si so um bom principio. Pode ser
bom ser-se patriota se as acçoes a que esse patriotismo conduz forem
elas mesmas boas. Se essas acçoes forem m?s ser patriota é, logicamente,
mau. Jefferson, Churchill e Kennedy sao exemplos de bons patriotas,
Hitler, Mussolini e Salazar exemplos de maus patriotas.
Como tal, dizer que se é patriota e, como tal, nao se aceita uma
Constituiçao Europeia é uma imbecilidade, porque, muito simplesmente,
uma coisa nao implica a outra.
Ser um bom patriota é, a meu ver, querer o melhor para o seu pais e para
o seu povo, ou seja para a sua patria.
Neste momento, quem nao aceita uma Constituiçao Europeia (que
naturalmente tera que se sobrepôr num certo numero de matérias
importantes às diversas constituiçoes nacionais) é porque quer Portugal
afastado do projecto europeu como ele agora se configura: uma Europa
Federal. Uma politica de isolacionismo seria o regresso a um tipo de
patriotismo de "Estado Novo" que, de maneira alguma se enquadra no
conceito de "bom patriotismo" como atras defini.
Ou seja, esses patriotas nao querem o melhor para a sua patria, como tal
sao maus patriotas.
Felizmente julgo que esta posiçao nao tem muitos defensores.
Convém clarificar conceitos como este para que nao se caia numa
discussao demagogica que oponha erradamente "Patriotas" contra
"Traidores à Patria".
saudaçoes iluminadas, TomaZ
posted by
Tomás at 7:38 da tarde
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wquinta-feira, outubro 09, 2003 |
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A pedido de varias familias (ou seja, ninguem me pediu nada) faz-se aqui um apanhado da grande obra inacabada que é o Dicionario Iluminados - versao sem acentos e "tiles" que, incompreensivelmente, o computador nao reconhece
Dicionario Iluminados
Letra M
Misticismo - Nao sei bem o que é porque acho que sou realista. Por exemplo, hoje quando um amigo meu quis subir à Torre das Antas e planar até Cuba, eu disse-lhe: "Nao faças isso, Jorge Nuno, vamos ser realistas. Aproveitemos umas daquelas promoçoes, do tipo Havana 8 dias, 7 noites - 450€ que é bastante mais seguro." E o meu amigo que, como eu, é um ultrarealista que gosta de sentir o chao onde pisa disse: "Esta bem."
Os meus momentos misticos resumem-se a uns paus de incenso para tirar o cheiro a cholé do quarto, e a umas gargalhadas ao ler os anuncios dos gurus, pais de santo e macumbeiros nos classificados do JN: Prof. Mangu Kubangu - Acredite em mim que eu aceito cheques e visa.
Massagem - doem-me os dedos; que posiçao incomoda; vou-lhe desapertar o sutien; como é que consigo que se vire de barriga para cima?; isto ja dura ha demasiado tempo; ja acabou o oleo jonhson; devia ter atacado ha 30 minutos atras; MERDA, adormeceu; sera que o Sexy Hot ainda esta descodificado?
Megalomania – Mania que se tem a pila grande. O megalomano tipico passa os dias a alardear barbaridades como “Nao ha preservativos para o meu tamanho”, Ninguém me ganha ao monopolio” e “The infidels are commiting suicide by the undreds at the gates of Bagdad”Quando passam, os megalomanos tipicos deixam atras de si um rasto de incontinentes gargalhadas. “Never!”
Maria – A playboy portuguesa. Publicaçao celebrizada pelo seu consultorio sentimental, onde se encontram pérolas como “Usei as cuecas em que o meu avô se masturbou. Serei bisavo do meu filho?”; ou “Atirei um Tampax para o mar. Serei responsavel pela cor vermelho-acastanhada dos peixes da lota?”
Moura guedes, Manuela – Uns descomunais labios carnudos que anunciam mamadas de primeira ?gua, entram-nos inquisitivos pelo televisor adentro: “Você sabe quem eu sou? Você sabe quem eu sou?”
posted by
Tomás at 7:23 da tarde
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Dicionario Iluminados
Letra H
Heineken - 25 cl. Lager Beer Premium Quality, que me ajudou a passar a
tarde em Montemor-o-Velho, aturar um casamento de paninhos de véu de
noiva nas antenas dos carros buzinantes, e agora arrefece um pouco o sol
que me bate em cheio na cara - graças a deus pelos oculos escuros -
amplia a musica ambiente e ja esta no fim -"Venha outra!"
Holandesas - As vacas holandesas sao melhores que as portuguesas (mesmo as dos açores). Têm as
mamas maiores e dao mais leite. "Outra Heineken Brewed and bottled in
Amsterdam, se faz favor!"
posted by
Tomás at 7:17 da tarde
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Dicionario Iluminados
Letra F
Futebol - fascinante desporto, por vezes violento, onde 20 jogadores
correm atras de uma bola enquanto 2 descansam.
Escola que educa analfabetos preparando-os para uma vida de
multimilionarios. Diz-se por ai que os seus dirigentes, alguns ilustres
adeptos e politicos sao propensos a lobis imobiliarios, mas a verdadeira
razao desse interesse é a construçao de prédios altos à volta dos
estadios por forma a que as suas familias assistam aos jogos de futebol sem pagar bilhete.
No caso de alguns clubes, como o FCP, a equipe é um exército e os seus
jogadores sao soldados que lutam pela independência de uma regiao. As
suas vitorias sao celebradas na rua como se de uma vitoria de libertaçao
se tratasse, com a euforia, nao de quem ganha, mas de quem vê os outros
perder.
O Porto é uma naçao, o FCP é campeao, e que nao salta é lampiao e é
fuzilado. O Pinto da Costa é o seu Buda bélico, com um exército de superdragoes
(ver Fanaticos) dispostos a matar, ou pelo menos espancar, comerciantes
de meia idade.
Fanaticos – gente calma e civilizada que gosta de celebrar as vitorias
do seu clube de forma ordeira e pacifica. Respeitam os adversarios a
quem, tirando um ou outro acidente, têm até agora poupado a vida.
Eximios cantores corais com apetência para areas marciais que exaltem
belos sentimentos patrioticos e de pertença a um grupo de semelhantes.
Fanfarra – palhaços com tambores que precedem em parada majoretes de
coxa grossa e sem qualquer sentido ritmico.
Folia – Ultimo recurso de quem ja so fodia. Reformados e viuvos atirados
para um salao de baile dos bombeiros onde dançam e jogam bingos de
beneficiência própria, e onde folem toda a noite com as pernas das majoretes da
fanfarra, e com a voz de automato assexuado da menina das bolas: “Um,
numero um; dois, numero dois; três, numero três dias para quinares.”
França, A - o Portugal dos pequeninos. 1 milhao de anoes lusitanos,
técnicos de lavagem de pratos e limpeza de vaos de escadas, além de
especialistas em desastres de automovel.
Em agosto afunilam em Vilar Formoso, onde sob um sol escaldante se
empaturram de pasteis de bacalhau que empurram a goles de cerveja ou
compal de pêssego, pêra se nao tiver, e descem a IP5 como loucos em
bêémes alugados. Normalmente morrem na primeira curva. Os que sobrevivem
festejam a vida forrando as paredes das suas casas com os azulejos da
casa de banho.
Depois dos casamentos cola-se-lhes a cara à buzina so descolando na
viagem de regresso, mas ja so nos Pirinéus franceses. Entretanto,
impossibilitados de ver a estrada, morrem mais uns quantos entre
Portugal e a Espanha.
Felattio – nome de um jogador de futebol italiano, que se pintou de
preto e mudou de nome para Bobo (ver bobo) quando veio jogar para o
Boavista.
Freitas do Amaral – Quem? – Freitas do Amaral – Ah! Junto com Mario
Soares, é a versao branca, regueifuda e ridicula do "Rumble of the Jungle”, o célebre
combate de boxe que opôs Mohamed Ali a Joe Frazier.
Ameaça ir ao tapete ja em 2006.
TomaZ
posted by
Tomás at 7:15 da tarde
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Dicionario iluminados
Letra I
Indigente - Quem, eu? Aquele que nao faz nada. Estudo da preguiça,
associado ao egoismo, ao egocentrismo, ao hedonismo, ao niilismo, ao
amor pelo sol, pelos cafés e pelos livros, numa palavra, pelas
esplanadas. Quando tem dinheiro, o indigente consciencioso, substitui de
bom grado os café por litros de cerveja, no entanto, nunca prescinde do
sol.
Nao fazer nada é um estado de espirito, e a indigência é uma das Belas
Artes que, depois dos 25, e por razoes de ordem variada, começa a ser
quase impossivel de praticar.
Iluminados - Grupo de antigos animadores das colonias de férias para os
filhos dos trabalhadores do jornal "A Capital" que, impedidos
judicialmente de continuar a exercer a sua vocaçao de torcionarios de
seres humanos imberbes, resolveram formar uma equipe de ciclismo que
boicotasse com furos o pelotao da Volta a Portugal. Descobertos os seus
infames intentos, foram expulsos antes mesmo que a roda da bicla do seu
capitao tocasse o asfalto.
Desiludidos, tentaram o suicidio e nao conseguiram. Entao, tornaram-se
Funcionarios Publicos e à noitinha encontram-se em animadas tertulias
cibernauticas. "Do ciclismo ao cibermundo" é a sua divisa.
TomaZ
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Tomás at 7:06 da tarde
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Dicionario Iluminados
Letra G
Ginastica- Onde os ricos vao buscar os musculos que os pobres ganham na
construçao civil. Descanso do cérebro. Os nossos avos faziam-na de roupa
interior branca e, depois de se barbearem, iam fabricar os nossos pais.
Graça - Ser de graça é uma sorte, e é de certeza mau.
Ter graça é uma virtude e é diferente de ter piada. O Fernado Rocha tem
piada, mas nao tem graça. O Herman José ja teve graça, a Maria Rueff tem
muita graça, o Camacho Costa nunca teve graça.
Ter graça é uma delicadeza do espirito, por esse motivo, o MEC tem muita
graça e o Rui Unas nao tem graça nenhuma.
Ha uns dias um amigo disse-me que os informaticos nao têm sentido de
humor. Conheço uns que o têm, outros que nao, mas um computador (ou
alguém com inteligência computacional) nunca poder? ter graça. Podera
eventualmente ter inumeras piadas com graça, até as poder? contar de uma
maneira engraçada, mas nunca tera graça nenhuma, e sera sempre um chato
ao jantar que interrompe a conversa com as ultimas piadas de almanaque
que lhe introduziram na base de dados.
Tenham cuidado Iluminados ao escolherem a vossa profissao:
os informaticos, os contabilistas, os pedreiros, os policias e os
militares dificilmente têm graça. Os artistas e os desportistas nunca
têm graça.
Ja os advogados, os politicos, os médicos, os jornalistas e os
jardineiros poderao eventualmente ter graça.
Goticos - O goticos invadiram Portugal ha uns séculos e inventaram a arte
gotica. Hoje, na mesa de café à minha frente, um casal de namorados
goticos vestidos de preto, liam livros g?ticos de capa preta.
Surpreendentemente, quando abrem a boca, nao falam de
gargulas e vampiros, de tatuagens e piercings nos mamilos. Nao,
pasmem-se, sao gente como nos, um pouco mais idiotas, e que apenas no
gostam de sol.
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Tomás at 7:04 da tarde
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Dicionario Iluminados
Letra C
Casamento - Ritual de Castraçao Publica. fim da masculinidade. Inicio
de
um sonho povoado de electrodomésticos e prestaçoes do carro.. Fim do
sexo sem hora marcada. altruismo à força. Jardim do eden rapidamente
materializado num T2 nos suburbios. Resta esperar pela indiferença e
por
uma reforma tranquila.
Critica - quer-se inteligente, mordaz, certeira, ironica e
bem-humorada.
A critica deve ser sempre desconstrutiva mas nunca mal-educada. Uma
critica construtiva nao é uma critica. E outra coisa qualquer: um
oximoro que serve apenas para bajular e sermos diplomatas naquilo que
temos para dizer.
Crianças - produtores incansaveis de gritos estridentes. pequenos
demonios que os pais nao controlam e, como tal, deveriam ser entregues
ao estado para serem devidamente educados em rigidos colégios internos,
guardados intra-muros por homicidas condenados.
Sabotadores de tardes de ocio, terroristas de jantares, bombistas
homicidas de fins de tarde bucolicos e Bin Ladens da mesa do lado.
Parasitas contestatarios, praga interminavel e omnipresente.
Argumento a favor da pena de morte
o nosso homem bala, o Fred, notou uma falhas nas letras B e C. Aqui vao as suas adendas:
Ainda a Letra B...
Benfiquistas - Seita de enorme poder que revela um enorme fanatismo por
um clube ultrapassado que dizem ter sido grandioso. Acreditam em tudo o
que lhes dizem e continuam perfeitamente convictos que o Benfica (Ver
Benfica) é o melhor clube do mundo. Utilizam os meios de comunicaçao
para passarem mensagens sem significado aparente e seguem a doutrina das
vitorias morais.
Têm as suas proprias regras e s?o imunes às leis estatais.
Carapau - peixe pequeno que deve ser comido frito e com arroz de
qualquer coisa... e o primo mais velho da petinga; (de corrida) pessoa
com tendências megalomanas que se sente o centro do universo, como por
exemplo os benfiquistas (ver benfiquistas).
Carago - palavrao disfarçado, muito utilizado no norte, e que serve para
dizer e explicar tudo: Expressar dor (Carago aleijei-me), insultar
alguém ( O carago do gajo ja me anda a chatear), elogiar alguém (O
carago da gaja é boa como o milho), etc.
Caca - Merda disfarçada.
Coco - O mesmo que caca
Cicciolina - Mulher de talentos inumeros que fascinou e seduziu os
homens pelo mundo fora na década de 80. Realizou um sem numero de filmes
de qualidade onde contracenou com patos, coelhos, cavalos, etc. Chegou a
deputada do parlamento italiano passando por cima de toda a gente (e por
baixo também). Algumas fontes revelaram que é uma mulher muito religiosa
chegando mesmo a participar num presépio de Natal onde fazia o papel de vaca.
Obrigado Bala, e agora para a letra D
Letra D
Domingo - Impedido de trabalhar, os niveis de actividade de um
português
médio reduzem-se neste dia às funçoes basicas de respirar, comer e
dormir.
Democracia - Raros domingos em que o português médio alia às funçoes
basicas de respirar, comer e dormir, o dever civico de votar.
Deus - erro judaico-cristao. Paga as contas de inumeras paroquias e
seitas religiosas varias. Quem sabe da sua existência nao tem que lhe dar um nome, nem tem que perder tempo com liturgias inuteis. Sabe-o e isso chega-lhe.
Alto-falante da nossa consciência colectiva, com algumas interferências bem localizadas. Vago murmurio ancestral que julgamos que diz exactamente aquilo que queremos ouvir. Velho solteirao barbudo, viciado nos dados, e de quem se diz que bateu uma pivea à 17 mil milhoes de anos e pariu o mundo.
Letra E
Eros - Orgia dos sentidos. Cantor Italiano com nome de "pasta". Canal
codificado acessivel apenas aos fracos de espirito e fortes de verga.
No futuro é erosao, no cinema ilusao e ao vivo da tesao.
Empata - Quem nao fode nem sai de cima. Camafeu baixinho, gordo e
borbulhento que a gaja que queremos comer insiste em ter como amiga
inseparavel. X no totobola.
Europa - Equivoco politico liderado pelos EUA. Mulher madura e
esquizofrénica, matrona de uma familia disfuncional com um vasto
historial de violência doméstica, alcoolismo e drogas duras. Recorre à
prostituiçao para sobreviver e à religiao para se absolver.
Espanha - Portugal que fala alto e mata touros. Apenas se lembram de
nos quando olham para o espaço em branco no mapa da Peninsula Ibérica do
boletim meterologico.
Uma série de importantes derrotas militares nao lhes apagou o impeto
conquistador, apenas os fez mudar de tactica.
Em vez do exército, enviam agora Zaras, o Corte Inglês e Bancos.
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Tomás at 6:50 da tarde
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Dicionario Iluminados
Letra C
Caes- Tomara a muitos ter a sua vida.
abandonados viram vira latas, bem tratados têm muita lata.
Existem duas raças de caes. Os que comem merda, que se distinguem dos outros por terem muito mau halito,
e os que nao comem merda, que se distinguem dos outros por terem mau halito.
Coca-Cola- A primeira é muito mais cara que a segunda.
Juntas, ficam muito mais baratas que as duas em separado e ainda ganham bolhinhas.
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Tomás at 6:50 da tarde
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Dicionario Iluminados
Letra B
Big Bang – Ao que parece, tudo começou aqui. Neste ponto começou a vida e com a vida começou a morte. Esta semana ja fui a dois funerais, outros mais se adivinham e eu culpo, por isso, o Big Bang.
Benicio del Toro – Este nome, pronunciado com o sotaque adequado, é livre trânsito para a cama de qualquer loiraça mamalhuda engatada no Via Rapida, ou até mesmo no Chic (ver também Canavarro, Calabrese, Joaquim Fominhas e Pedrito Portugal).
Boa com´o milho – Equivalente lusitano de pleased to meat you. Quando precedido da segunda pessoa do singular do verbo ser, é normalmente acompanhado de um estalo. Nas obras é utilizado por trolhas empreendedores para enrijecer o cimento e lubrificar a betoneira. Um grupo de gourmês mais exigentes querem aperfeiçoar a express?o, alterando-a para “es boa como o Salmao”.
Barbeiro – Local da mais alta metafisica, proibido a carecas, homosexuais e kanteanos. O barbeiro tem sempre razao. Esta infalivel estatistica deve-se, sem duvida alguma, ao facto de o digno profissional ter sempre uma lâmina afiada na mao, encostada à nossa carotida. Ainda esta para aparecer um barbeiro de esquerda.
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Tomás at 6:44 da tarde
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Dicionario Iluminados
Letra B
Bacalhau: Com alho cheira a cona e foi disco de Platina. Uns dizem que
da Noruega é que é bom, outros que as suecas têm-no melhor. Quanto a
mim, isso nao passa de um mito que interessa aos eurodeputados, exilados
das belas coxas e nadegas rosadinhas das portuguesas.
Bater: Em Portugal bate-se por tudo e por nada. Bate-se pela chuva, pelo
alco?l, pelo excesso de velocidade, pelo mau piso das estradas, pela
Pamela Anderson, pela Marisa Cruz, pela Claudia Mergulhao, pela Casa
Pia, mas atençao que isso pode dar prisao...
Beleza: Ou se tem ou nao se tem. De quem nao tem, normalmente diz-se que
a tem escondida, é a chamada beleza interior. Se pudéssemos
hipotecavamos a casa e os moveis por ela, ou entao deixavamo-la a
apodrecer num armario enquanto continuavamos frescos e belos. Entre
a nossa fealdade e a beleza dos outros ha um abismo que estupidamente
julgamos poder ultrapassar simplesmente comprando as coisas que eles
usam. Ser belo é quase um crime num pais de gente feia.
Benfica: (aceitam-se propostas)
Uma valiosa contribuiçao para o nosso Grandioso Dicionario Iluminados, by the Iluminati Antonio Melo (o nosso clinico):
Letra B
(parte II, dedicada a secreçoes, excreçoes e excrementos...)
Benfica: o ultimo dos mitos.
Bisga: uma das palavras que da mais gozo dizer, logo a seguir a vaca
com
prononcia nortenha ("aquela ganda baca!" - hmmm... que delicia!);
escarreta;
esputo; expectoraçao; escupe.
Burrié: molusco comestivel; vulga catota, ranheta amadurecida; o
verdadeiro
burrié, quando carinhosamente tratado entre os dedos polegar e
indicador, e
moldado nos buc?licos jardins de Serralves, também pode constituir uma
obra
de arte (ainda que contemporânea) digna de competir, em beleza, com as
fezes
do Tomas.
Ora nem mais, caro Melo. Se bem que as minhas fezes, quanto menos contemporâneas forem, mais belas ficam...
Venham dai mais letras!!
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Tomás at 6:40 da tarde
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A pedido de varias familias (ou seja, ninguem me pediu nada) faz-se aqui um apanhado da grande obra inacabada que é o Dicionario Iluminados - versao sem acentos e "tiles" que, incompreensivelmente, o computador n?o reconhece.
Dicionario Iluminados.
Letra A
Além: nao existe. Local indefinido, mais ou menos situado na imaginaçao
mais ou menos fértil de alguns crentes desesperados, onde se misturam
deuses, gajas boas e vinho. Alguns juntam freiras, mas esses nao contam
porque nao têm piada nenhuma, e se lhe juntarmos 72 virgens temos um
bombista suicida.
Ala: nao existe. Oriental sintese profilactica de tudo o que acabamos de
dizer. Juntemos-lhe minaretes e fanaticos religiosos empoleirados aos
gritos e temos milhares de fieis virados para meca a rezar à canzana.
Ali Baba: existe. Presidentes de Câmara, empreiteiros, ministros e
reitores de universidades constituem o seu bando.
Amigos: existem. Querem-se poucos e bons.
Amigas: existem. Querem-se muitas e boas.
Amor: existe. E, no entanto, frequentemente confundido com propriedade
individual (comunitaria passa a orgia, mais de seis é bacanal).
Arte: tudo é "ârte". Fui ao WC de Serralves e caguei uma obra prima.
Assembleia da Republica: infelizmente existe. Jardim p?blico onde velhos
ilustres dos 25 aos 80 se re?nem para jogar a bisca lambida da ret?rica
parlamentar. Destaca-se pela positiva uma deputada giraça do BE, e pela
negativa os mict?rios dos senhores deputados.
Anestesia: em Portugal existem varias à disposiçao de todos. Serviço
Publico de Televisao é a mais eficaz, seguido do Benfica-Sporting e das
bichas da segurança social. Também sao extremamente eficazes os discursos
de sua Exca. o Presidente da Republica e os programas do
Herman José.
Antibiotico: poucos mas bons. geralmente na forma de livros, peças de
teatro e filmes (mais raros estes ultimos), nunca na forma tao em voga
de exposiçoes e turismo em autopullman. O futebol é um bom antibi?tico
mas que apenas funciona em retardados mentais.
Astronautas: existem. o sonho de qualquer criança (ver também letra V,
para Vendedor de Gelados). Alguns hereges dizem que estes nunca pisaram
a lua. Eu acredito que sim, pois certa vez, em miudo, vi um calhau que
de l? trouxeram.
Anteontem: terça-feira, ja nao existe, correu bem apesar da chuva.
Algarve: existe. Praia que alugamos no verao a parentes civilizados das
lagostas em troca de subsidios para a agricultura, pescas e texteis, e a
quem compramos Porches, BMW's e Mercedes para percorrermos as nossas
autoestradas a 250 kmh, e desse modo nao vermos as ruinas subsidiadas do
nosso pais atlântico-setentrional.
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Tomás at 6:35 da tarde
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Dissecando o Federalismo - entretanto um Apendix
Parabéns à esquerda!
A direita no governo (PSD/CDS-PP) quer mudar as regras do jogo (a
Constituição da República) para permitir que o referendo à Constituição
Europeia (CE) se realize no mesmo dia das eleições para o Parlamento
Europeu. Com o argumento de assim se evitar uma típica abstenção aos
referendos nacionais essa amálgama eleitoral teria como consequência a
partidarização de uma discussão sobre a CE que se quer autónoma das
"lógicas partidárias e governativas". Ver Pacheco Pereira, no Público d´hoje.
Ou seja, o referendo em questão e a discussão sobre o mesmo (a saber, o
texto em concreto da CE) seriam esbatidos pela dinâmica populista de um
processo eleitoral de "real politic" (ou seja, campanhas e comícios,
projectos partidários demagógicos, marketing de imagem dos "wanna be"
deputados, slogans políticos que nada dizem só compram votos, etc...)
que, tendo a eleição de listas partidárias para o PE como principal
objectivo, colocaria na sombra o essencial debate de ideias sobre texto
constitucional europeu.
A esquerda na oposição (PS, BE e PCP) opôs-se, e bem, a esta manigância
da coligação de direita e exige que a consulta nacional sobre a matéria
europeia seja antecedida de um "verdadeiro debate político nacional".
Este debate é tanto mais essencial quanto mais certos estamos que o
eixo
Alemanha-França se tem esforçado por fazer passar uma constituição que
coloca os países pequenos (como Portugal) numa posição de eternos
subsidiários dos grandes.
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Tomás at 5:59 da tarde
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wsexta-feira, outubro 03, 2003 |
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Dissecando o Federalismo!
Um referendo não é só um simples acto de colocar uma cruz num “Sim” ou
num “Não” mais ou menos vagos. Um referendo é, acima de tudo, um
processo de discussão, elucidação e persuasão que pretende retirar essa
vagueza dos dois quadrados, ou seja, elucidar as pessoas sobre o
assunto
a referendar.
Jaime Gama, no DN de hoje afirma que um referendo sobre
a Constituição Europeia seria uma “paródia democrática”. A meu ver,
paródia democrática (além do duplo queixo de JG) seria fazer passar o
projecto de uma Constituição Europeia sem o aval daqueles a quem essa
Constituição se destina, os Europeus.
Democracia significa governo do povo, como tal um sistema é tanto mais
democrata quanto mais as suas decisões políticas vierem directamente do
povo.
A elaboração de uma Constituição Europeia no sentido de uma Europa
Federal é o passo mais importante que o nosso país deu desde que as
caravelas decidiram partir para o Oriente ignorando o “velho do
restelo.” Desta vez, porém, o passo não é assim tanto no desconhecido.
Existem experiências de outros projectos federais nos quais podemos pôr
os olhos, aprendendo com os seus fracassos e sucessos, como é o caso da
Constituição Federal dos EUA (ressalvando as óbvias diferenças entre
eles). Interessa portanto debater a Constituição Europeia e o
Federalismo Europeu tendo em consideração tanto as experiências
políticas passadas como os objectivos políticos futuros.
Estou convicto que, como ideia geral, o Federalismo é o caminho certo
para a Europa e o mais benéfico para os povos europeus. Importa, no
entanto, discutir importantes “pormenores” como a alienação de alguma
soberania nacional em favor de um maior poder federal, a harmonização
de
uma política externa única, os sistemas de eleição e de representação,
o
poder legislativo federal, o poder judicial federal, etc.
Como tal, neste momento, mais que concensos partidários acéfalos, são
necessárias opiniões. Opiniões fortes quer a favor quer contra este
projecto federalista. É necessário separar as águas do debate político,
fomentar a discussão, pois só assim se podem encontrar concensos
sufragados pela razão.
É para combater o vazio de opiniões e a ignorância geral face a este
caminho tão importante que agora começamos a percorrer, que proponho
aos
Iluminados uma discussão sobre a Europa em geral e sobre a Constituição
Europeia em particular.
Que se apresentem os contendores, que avancem com as suas posições e
argumentos a favor e contra o projecto federalista europeu, a favor e
contra a Constituição Europeia no seu todo ou algumas das suas partes.
Dissecando o Federalismo! A reentré Iluminada não poderia começar de
melhor forma.
Abraços Iluminados, Tomás
posted by
Tomás at 12:28 da manhã
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wquinta-feira, agosto 21, 2003 |
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o calor sufoca-me... não arrisco a tocar no teclado com medo de pegar fogo aos dedos...ufff... e ser acusado de... incendiário...ufff... ou melhor ainda... de pedófilo...ufff...com este calor nem um pinguim... ufff... quanto mais... uff... uma criancinha... são insuportáveis...ufff... fazem muito barulho... e enchem-nos a toalha de areia... ufff... ainda cá estou...ufff... mas a canicula não me deixa pensar...ufff quanto mais escrever... ufff.. e ainda há o perigo de incêndio... sem forças para mais... ufff... até breve...em setembro!
posted by
Tomás at 9:35 da tarde
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wquarta-feira, julho 23, 2003 |
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- Bem sei que os Iluminados estão de férias, isto é só um desabafo.
Já uma vez aqui falamos do Sentido de Humor.
Se bem se lembram, na altura referi a completa falta de sentido de humor de alguns povos, como os alemães, falei também do sentido de humor relativo de outros (os portugueses, por ex.), e dos campeões do fair-play, da ironia e do escárnio, enfim, do sentido de humor dos ingleses.
Temo que, à medida que nos europeizamos e nos tornamos mais sérios e cizudos, nos vamos esquecendo que a vida é uma coisa muito simples que entremeia a sesta e algumas obrigações necessárias à subsistência.
Só quem não está seguro da sua cultura, da sua personalidade, das suas origens, dos seus valores morais e éticos é que se deixa ir abaixo por uma ou outra piada de mau gosto. Foi o que se passou há dias no Parlamento Europeu quando o chanceler alemão Gerhard Schroder exigiu um pedido de desculpas ao primeiro ministro italiano Silvio Berlusconi por este ter sugerido o papel cinematográfico de um "Kapo" nazi para um deputado alemão com quem se confrontava retóricamente.
Como os "euroburocratas alemães", à falta de poder de encaixe, de sensibilidade retórica e capacidade de responder com fino trato e elegante ironia a uma provocação, os "euroburocratas em que nos estamos todos a transformar" exigem pedidos de desculpas formais, expiações públicas e apologias várias àqueles que nos afrontam, de um ou de outro modo.
Winston Churchil ensinou-nos a agir numa situação destas.
Quando a deputada Lady Astor uma vez lhe disse "Se eu fosse sua mulher poria veneno no seu café", Churchill não se levantou indignado, não puxou dos seus galões de Lorde injustamente insultado, nem exigiu que a dita senhora retirasse publicamente a invectiva homicida. Winston Churchill, mestre na perdida arte do insulto, simplesmente respondeu
"E se eu fosse seu marido bebê-lo-ia."
Fino trato e elegante ironia são caracteristicas dos verdadeiros Aristocratas (marginais ou não). Afastem-se de quem não possua estas qualidades.
Boas Férias!
www.iluminados.blogspot.com
posted by
Tomás at 2:28 da manhã
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wquarta-feira, junho 18, 2003 |
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Mais Filosofia que nos chega de França - M.Foucault elabora uma enorme teoria acerca de como os antigos mecânismos de repressão evoluiram, na actualidade, para mecânismos mais subtis, mas que continuam fazer com que as pessoas façam o que os poderosos querem que elas façam.
Simples e trivial. Um verdadeiro truísmo. O domínio da mente pública é algo que é ensinado nas escolas de marketing, e salta à vista a qualquer pessoa minimamente atenta.
Mas então porquê elaborar linhas e linhas de incompreensivel verborreia à volta de um assunto que outros já expuseram de um modo mais simples? As razões são óbvias. É a vaidade e irresponsabilidade destes pensadores, a sua vontade de querer passar por algo que não são (profundos e originais) que dá tão mau nome à filosofia. Enquanto estes pseudo-intelectuais (Focault, Derridas, Jean Baudrillard, etc.) continuarem a ser considerados como os supra-sumos da filosofia, esta nunca deixará de ser vista pelo público leigo como um mero exercício retórico para ver quem é mais esperto.
O papel do filósofo neste caso em concreto teria de ser o de descriminar esses tais mecânismos actuais de repressão, ajudando as pessoas a evitá-los e a pensar por elas próprias, e não o de se masturbar com palavras à volta de ideias já há muito tidas como certas.
Para quem não sabe, esta moda pseudo-intelectualoide omnipresente na filosofia, mas também em outros campos da cultura, chama-se de pós-modernismo (que diz coisas como A realidade não existe e ainda é paga por isso) e foi desmascarada por dois cientistas, Sokal e Bricmont, que escreveram propositadamente um artigo cheio de incorrecções cientificas e argumentos perfeitamente estúpidos e falaciosos, mas tudo a coberto de uma linguagem incompreensível e supostamente etérea. Sokal e Bricmont enviaram esse artigo para uma conhecida revista pós-moderna que... o publicou!
O que se pode concluir desta história é que a filosofia pós-moderna vive no reino do "vale-tudo" e da ignorância desde que mascare isso tudo sob a aparência de profundidade filosófica, de preferência apimentada com algumas frases incompreensiveis
posted by
Tomás at 11:22 da manhã
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wterça-feira, junho 17, 2003 |
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Na Via da Verdade prosseguem os estudos acerca da linguagem.
Abordei as teorias de Wittgenstein, Austin, Searle e Quine, que nos apresentam algumas perspectivas não essencialistas da linguagem, ou seja, onde nos é dito que a linguagem é, acima de tudo, um produto social, cultural, histórico, etc., e que por esse motivo uma abordagem do fenómeno linguístico (das palavras e das frases, do significado, da referência, etc.) enquanto espelho exacto da realidade é uma falsidade. Falsidade essa que enquinou praticamente toda o pensamente filosófico anterior.
Antes de dar um passo atrás e aprofundar um pouco algumas teorias essencialistas acerca da linguagem (o que em termos de publicação no blog será ideal, pois as teorias aparecerão na sua ordem cronológica real) procurarei ainda introduzir uma outra abordagem ao problema da linguagem, a abordagem cientifica de Noam Chomsky que diz-nos algo tão estranho como: As crianças não aprendem a falar. Já sabem.
posted by
Tomás at 2:12 da tarde
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É esta a Filosofia que nos chega de França: Bernard-Henri Lévy is like an unfathomably French combination of Melvyn Bragg, J.K. Rowling and David Beckham: o homem que ficou famoso por dizer Deus está morto, mas o meu cabelo está perfeito.
posted by
Tomás at 12:27 da manhã
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Pequenos Prazeres Iluminados - Os Iluminados estão-se a revelar uns verdadeiros epicuristas!
A Joana B. avançou com mais uma lista de alguns pessoalíssimos Pequenos Prazeres:
o cheiro de uma cama acabada de fazer; dormir uma sesta à sombra; comer fruta gelada na praia; a pata da minha gata na minha cara, para me acordar; um abraço sentido; morder uma orelha; o barulho das ondas; esfregar os meus pés nos pés dele; um arrepio ao ouvir uma boa música; água de colónia; a lua cheia numa noite de Verão; vestir uns jeans depois de uma festa; um ataque de riso; o silêncio do Gerês; uma casa de banho limpa; um livro inesperadamente bom.
A Mariana V. fala do acto quase orgásmico de descalçar umas sandálias de salto agulha, no fim
de um casamento de Verão em que se dançou a noite inteira. E nós imaginamos que o orgasmo estará completo no momento em que se calça as chanatas de andar pela casa.
O Fred. Bala gosta de: Fazer xixi depois de uma porrada de finos! Entrar em casa num fim de tarde de Inverno Acordar e reparar que a mulher ao lado é tão gira como nos tinha parecido na noite anterior...Descobrir que afinal não tínhamos errado. Achar que fizemos um bom negócio. A ideia de que no dia seguinte não se trabalha. O cheiro de flores frescas. Um bom anúncio. A sensação de dever cumprido. E além disso adianta um pequeno comentário cuja galanteria não esconde as suas reais intenções para com a nossa Joana B: na minha opinião "morder uma orelha" como sugerido pela nossa iluminada Joana está claramente no topo da lista. Pois... Meninos, isto não é um motel!
E ainda uma aportação de um outro epicurista, este de fora da comunidade Iluminados. O João Carvalho Fernandes do Fumaças, que é um verdadeiro expert em charutos e outros pequenos prazeres: Fumar um bom charuto (Lusitanias de Partagas ou Unicos de Vegas Robaina), após um bom almoço (qualidade, não quantidade!), ao ar livre, com sol e temperatura amena, lendo uma revista de charutos ou vinhos ou viagens, ou um bom livro. Percorrer levadas na Madeira, durante as férias de Verão. Ir a pé de S. João do Estoril (onde passo os fins-de-semana) até à Marina de Cascais. Ouvir música (muita, excepto "hard-rock").
A lista de Pequenos Prazeres demonstra ser interminável, pelo que eu quero acrescentar mais um ou dois antes que alguém reclame a sua paternidade: o prazer de rasgar as folhas coladas daqueles livros de antigas impressões. Como é óbvio, não é qualquer corte de talhante que serve. Um bom corte deixa os lados das folhas perfeitamente simétricos, sem aqueles fiapos inestéticos de quem cortou as folhas com uma faca do pão. O corta papéis tem de ser bom - utilizar uma navalha é impensável, pois o gume é demasiado leve – com o pesado gume de prata perfeitamente afiado e um cabo preferencialmente grosso e decorado. Reparem que o processo do corte serve também para irmos antecipando a leitura, passando os olhos furtivamente por algumas passagens. E ainda: o barulho e o toque da caneta no papel
àspero que me faz lembrar composições sobre flores e pássaros que eu escrevia na quarta classe
posted by
Tomás at 12:11 da manhã
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wdomingo, junho 15, 2003 |
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E agora para algo completamente diferente - Na Via da Verdade continua-se a abordar problemas tão importantes para o nosso dia-a-dia como o problema dos universais, o problema da indeterminação da tradução, o problema da inescrutabilidade da referência, os dogmas do empirismo tradicional, os desafios quineanos a esse mesmo empirismo tradicional, as enunciações performativas e as suas característica austinianas e serlianas, nomeadamente os actos ilocutórios (ou ilocucionários), a força ilocutória (idem) e os actos de fala em geral, etc.
Evidentemente que só se aconselha a leitura deste blog tão ecléctico àqueles infelizes que não têm mais nenhum problema sério com que se preocupar.
posted by
Tomás at 11:29 da tarde
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wsábado, junho 14, 2003 |
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Editorial do Público sobra o fim da Coluna Infame - blogosfera rula!
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Tomás at 3:05 da tarde
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Sabiam que: Começamos todos por ser gajas Mas depois, uma explosão se testosterona empurra metade de nós para o lado errado da evolução: o macho!
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Tomás at 2:55 da tarde
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Pequenos Prazeres Iluminados
Dentro da categoria de pequenos prazeres é ainda possível encontrar mais algumas sub-categorias. Entre elas as sub-categorias de pequenos prazeres egoístas e a de pequenos prazeres altruístas.
É dentro da sub-categoria dos pequenos prazeres egoístas que encontramos aquele que é para muita gente o maior de todos os pequenos prazeres: rebentar as bolhinhas de ar daqueles plásticos que se usam para embrulhar quadros de família, móveis antigos e electrodomésticos novos. Este é sem dúvida alguma um dos prazeres mais egoístas de todos os prazeres possíveis e imaginários. Já todos demos a provar um pouco do nosso gelado de baunilha, ou uma colherada da nossa mousse de chocolate caseira, mas quem é que alguma vez partilhou um plástico de bolhinhas com outro rebentador de bolhinhas? Mesmo que o plástico em causa tenha mais de três mil milhões de bolhinhas, tornando impossível a tarefa de uma única pessoa conseguir rebentá-las todas no seu tempo de vida útil, ninguém alguma vez, jamais e em tempo algum partilharia este prazer único com outro. Não, este, como outros prazeres verdadeiramente egoísta é para ser praticado sozinho, de preferência num quarto escuro e insonorizado nos esconsos subterrâneos de um qualquer Fort Knox ou Bunker Iraquiano, não vá um qualquer ouvido estranho e oportunista, armado em açambarcador de prazeres alheios ter o descaramento de ouvir este maravilhoso som puro e cristalino das bolhinhas de plástico a rebentar. Bloc! Bloc!
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Tomás at 2:38 da tarde
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wsexta-feira, junho 13, 2003 |
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Pequenos Prazeres Iluminados -
A nossa comunidade Iluminados parece que reagiu bem a este desafio de compendiar alguns dos nossos pequenos prazeres.
Aqui vão algumas contribuições iluminadas:
A Mariana V. gosta de Comer leite condensado muito cozido; Boiar no mar; Dias de primavera; Ler o jornal com toda a calma no fim de semana; Estar com os amigos
Mariana, imagina como deve ser bom estar com os amigos, ao fim de semana de um dia de primavera, a ler o jornal a boiar num enorme lago de leite condensado muito cozido!!
A Joana F. (Morena) gosta de comer queijo da serra às colheres; tomar banho no mar; passar fins-de-semana no campo; massagens nos pés; pequenos-almoços em cadima.
Sem dúvida que massagens nos pés e queijo da serra é uma excelente combinação!
O Rupert Tempest (a nossa figura pública cujo telemóvel está certamente sob escuta) fala-nos do Prazer do Anonimato.
E finalmente o novato Pedro Pereira (sirbonovox para os amigos) refere Andar a cavalo (dá para dois lados lol); Fumar um cigarro depois de um almoço recheado de boa disposição e claro de; umas cervejolas (do melhor que há); Fumar um cigarro depois de......"coughs" lol; Um sorriso sincero de alguém especial; Música (aos berros de preferência, U2 claro) - especialmente para ti, Pereira, aconselho-te a visitares o Fumaças.
abraços
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Tomás at 3:11 da tarde
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wquinta-feira, junho 12, 2003 |
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Pequenos Prazeres Iluminados-
Água Mineral- A diferença entre água mineral (Luso, Vitalis, Castelo, etc...) e água da torneira (a água oficial cá de casa) é tão grande, a água mineral é tão boa, tão fresca, tão pura, que não admira que seja mais cara que o petróleo.
Sombra - Como sabe bem estar à sombra. A principal razão porque gosto de estar à sombra é, cada vez mais, não estar ao sol. Deve ser da idade, mas agora fujo do sol como dos livros do Stephen King. Sombra vai bem com água mineral, Eugénio de Andrade e com... nada: "Ah que bom que é ter um livro para ler e não o fazer !" Fernando Pessoa
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Tomás at 9:53 da manhã
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Uma desilusão, o filme Wittgesntein do Derek Jarman. Fui certamente iludido pelos comentários favoráveis de alguns colegas, mas achei que aqueles 75 minutos nos sofás da Almeida Garrett não passaram de uma medíocre biografia estilizada do grande filósofo.
As aportações de Russell e Meinong à filosofia de Wittgenstein, segundo Jarman, resumem-se a umas pancadinhas nas costas de incentivo. Algo do género: "Força aí, meu. És o maior filósofo do século XX."
A filosofia de Wittgenstein é-nos transmitida de um modo muito frio e previsível, numa sala de aulas minimalista, em que os alunos (e também Russel e Meinong) se espreguiçam em cadeiras de praia:
Meinong - "O papel da filosofia será então o de resolver os jogos de linguagem?"
Wittgenstein - "A filosofia deixa tudo como está. Não resolve nada. Ajuda a desemaranhar os nós das nossas confusões linguísticas"
Aluno - E quanto ao argumento das linguagens privadas?
Wittgenstein - Aprendemos a falar porque pertencemos a uma cultura, a partir de uma forma de vida pública, partilhada.
Salva-se a conversa com Maynong, no leito da morte de Wittgenstein, quando aquele faz um resumo dos sonhos filosóficos de Wittgenstein, do Tractatus às Investigações. Da vontade de encontrar uma Lógica Pura que governasse a filosófia, à constatação de que o mundo é irregular e imperfeito, e como tal, também o é a filosofia.
Enfim, para quem não conhecia Wittgenstein o filósofo, o filme é intragável. Tenho a certeza que uma versão mais hollywoodesca faria maravilhas a Wittgenstein. Para quem conhece Wittgenstein, ainda mais intragável é. Para quem quer conhecer Wittgenstein mais vale ler o próprio ou então visitar a Via da Verdade.
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Tomás at 9:39 da manhã
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wquarta-feira, junho 11, 2003 |
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Fechou as portas o melhor blog português de Portugal (o mais participado, o mais engraçado, o mais ressabiado, etc.). Uma pena. Espero que o PM, o PL e o JPC regressem rápido à blogosfera.
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Tomás at 11:41 da tarde
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