wFolhetim Iluminados
Se tiverem sede dêem aqui um saltinho: http://tiomas.no.sapo.pt mail: tiomas@yahoo.com - e agora para algo completamente diferente: http://viadaverdade.blogspot.com


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wsexta-feira, dezembro 19, 2003


RIP

Para quem não sabe, este blog é filho de uma lista de discussão chamada Os Iluminados que chegou hoje ao fim da sua vida.
Morta a lista, morto o blog!

Remeto as demais explicações e a mensagem de esperança a todos os orfãos do blog (os cerca de 50 civis que o visitam todos os dias - obrigado, mãe!) para a mensagem enviada a todos os listores Iluminados .
A todos os outros, um grande abraço.


Caros amigos, os Iluminados chegam hoje ao fim da linha.
O fim do ano é, por tradição, uma época de balanços. Como tal, depois
de uma análise ponderada destes últimos 14 meses (cerca de 1000
mensagens),
cheguei à conclusão que a lista precisava de ser revitalizada.
Como não acredito que a história avance por um processo pacífico e
contínuo, mas antes acho que esta se faz por revoluções e conflitos,
cheguei à conclusão que a melhor maneira de revitalizar os Iluminados
era... acabar com os Iluminados.
Esta lista surgiu devido a uma enorme vontade de polemizar, discutir
ideias e confrontar pontos de vista. Houve alturas em que isso
aconteceu, outras não.
Guardo na memória alguns momentos quentes de discussão, mas acima de
tudo guardo em mim o enorme respeito, a boa educação e o sentido de
humor, sempre presentes nas nossas conversas.
Já participei em muitas outras listas e fóruns de discussão, mas
nenhuma tão respeitadora e civilizada como “Os Iluminados”.
O fim de um ciclo não é necessariamente um acabar. Neste caso é um novo começo.
Um renascer das cinzas. A vontade de discutir e polemizar não
esmoreceu, antes pelo contrário. Como tal, reservo-me o direito de
utilizar uma última vez esta lista (e este blog) para, na devida altura, vos anunciar o novo projecto que dará continuidade ao Espírito Iluminado.

Este é apenas um caminho que termina. Há decerto uma imensa via
iluminada na qual, mais cedo ou mais tarde, nos voltaremos a encontrar.
Elevemo-nos então à altura do nosso nome. A nossa vida é breve demais
para sermos menos do que ILUMINADOS!

Um grande abraço do vosso amigo, Tomás.



posted by Tomás at 2:07 da manhã


wterça-feira, dezembro 16, 2003


Em O Homem dos Sonhos, Mário de Sá Carneiro fala-nos de um homem que, cansado desta nossa realidade baça e descarnada, aprendeu a criar a sua própria vida, sonhando-a, bela e fantástica.

Como o provam as magníficas Cidades Invisíveis do Marco Polo do Calvino, a realidade é sempre mais pobre que a imaginação.

Deus foi um demiurgo muito medíocre. Demasiado realista para o meu gosto. Nem um impressionismozito, nem uma ponta de surrealidade. Um ou outro laivo de realismo social aqui, uns rasgos de naturalismo ali, existencialismo por toda a parte, umas naturezas mortas, uns retratos a óleo, umas caricaturas, uns quantos cromos, aguarelas da Ribeira e pouco mais. Tudo muito pobre para quem se diz chamar Deus! Só três dimensões, ou ainda menos! Umas dúzias de cores e outros quantos sabores. Alguns cheiros, pouquíssimas texturas e quase nenhumas emoções (amor, ódio e mais uma ou duas). Apenas dois sexos!

Não! Se a realidade é só isto, acordem-me por favor!

posted by Tomás at 11:48 da tarde


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Leitura a dois

O seu pensamento era uma névoa de dúvidas e de autodesconfiança, iluminada, por momentos, por relâmpagos de intuição, mas relâmpagos de tão grande esplendor que, nesses momentos, o mundo parecia fugir-lhe debaixo dos pés como se tivesse sido consumido pelo fogo. - Retrato do Artista Quando Jovem, James Joyce

posted by Tomás at 12:24 da manhã


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Nada para fazer

É óptimo não ter nada para fazer, pois é sinal de que temos tempo para fazer imensas coisas que normalmente não podemos fazer porque temos imensas coisas para fazer.

Haviam de ver a minha expressão de felicidade quando não tenho nada para fazer. Rejubilo, exalo alegria e boa disposição por todos os poros do meu corpo (esses mesmos poros por onde exalo suor quando faço exercício físico ou penso muito numa coisa) e, como um bom cristão distribuo abraços, bulas papais e notas de dólar pelo povoléu das cercanias. Depois disso tudo desato logo a fazer coisas.

Entre as muitas coisas que gosto de fazer quando não tenho nada para fazer sobressaem as seguintes actividades: beber um café, andar de patins no calçadão Foz-Matosinhos - de preferência de noite, pois descobri, por tentativa e erro, que as famílias domingueiras e os cães com donos atrelados têm mais tendência a mostrar o focinho durante o dia - ler poesia contemporânea portuguesa, passear os meus cães - preferentemente de dia, altura em que estamos menos propensos a ser trucidados por um patinador tresloucado com os olhos postos no último livro do Manuel António Pina - e, last but not the least, gosto particularmente de ver o Fernando Mendes a apresentar o Preço Certo.

Como vêem há todo um manancial de nadas para fazer que podemos fazer nos intervalos das coisas que temos para fazer.

O que é que fazem os Iluminados quando não têm nada para fazer?


posted by Tomás at 12:09 da manhã


wsegunda-feira, dezembro 15, 2003


Blocos de Notas

Depois do meu "pacemaker", da próstata artificial e do rim que comprei a um vietnamita por dois caramelos, aquele objecto que eu nunca, mas mesmo nunca largo, é o meu bloco de notas.

Lembrei-me disto porque descobri aqui o site dos blocos de notas mais famosos do mundo, os Moleskine:

A primeira vez que ouvi falar dos Moleskine foi com o Bruce Chatwin. Lembro-me dele falar do elástico que vem com o caderno onde prendia folhas soltas. Os seus Moleskines acompanhavam-no em todas as suas viagens, descritas nos livros "Anatomia da Errância" e "Na Patagónia" editados pela Quetzal. Chatwin é, quanto a mim, o melhor autor de viagens de sempre e uma boa alternativa, dentro desse género de narrativas, ao natalício e insuportável Luis Sepúlveda.

Eu não sou "autor de viagens" e uso outra marca de blocos de notas. Talvez por isso é que escrevo melhor que o Chatwin acerca de tudo menos viagens. Nisso ele é inultrapassável.

Conhecem os "Winsor & Newton"?
São uns cadernos A5 um bocado caros (1000 escudos - não faço a mais pequena ideia de quanto isso seja em euros) mas têm capa dura, o que permite escrever, por exemplo, numa mesa sem tampo. As folhas não têm linhas mas são grossas e ásperas (ou seja, não pedem Bic´s - huuggh, pior que Bic´s só giz num quadro negro) e, além disso, são destacáveis pelo picotado, o que é excelente pois podem seguir imediatamente para o envelope ou para o caixote do lixo.

O único senão destes cadernos é que as folhas são tão boas (e caras) que evitamos escrevinhar coisas que não tenham a dignidade de figurar num livro a sério. Ora, se não escrevinharmos muitas, mas mesmo muitas, coisas que não tenham a dignidade de figurar num livro a sério, o mais provável é nunca chegarmos a escrevinhar nada com dignidade para figurar num livro a sério.

Conclusão, se querem ser escritores, este natal comprem folhas de impressora. Ou, em alternativa, um daqueles livrinhos onde anotávamos as contas da mercearia antes do Pingo Doce ter levado o Sr. Saraiva e a sua esposa à falência.



posted by Tomás at 4:32 da tarde


wquinta-feira, dezembro 11, 2003


Cuidado com o Spam

Venho por este meio alertar-vos para o perigo daqueles mails com nomes esquisitos que costumamos receber às dezenas por dia na nossa caixa postal. Como não recebia mais nenhuns senão esses, costumava abri-los a todos. Espero que aquilo que se passou comigo sirva de exemplo e vos convença a arranjar um bom Spam Filter.

Assim reza a minha história:

Há cerca de um ano recebi do Sr. Thompfson Ölapfsen, da Suécia, uma missiva com o seguinte título: "Watch my daughter naked." Curioso, abri o mail que continha um "attachement" de uma fotografia da voluptuosa teenager Thompfson Ölapfsen com os dizeres: "Just give me your credit card number."
Foi o que fiz, e durante 6 meses recebi diariamente fotografias sensuais da mna.Thompfson Ölapfsen e das suas colegiais amiguinhas.

Passado uns meses, o Dr. Nurdbrick Gustafson, da MegaDickens Clinikä na Noruega, envia-me o seguinte mail: "Tomás, Enlarge your Penis, quick and easy."
A princípio fiquei assustado com o conhecimento de causa do Dr. MegaDickens Clinikä pelo que até lhe escrevi num Reply: "Ó Gustafson, como é que tu sabes...?"
Não tendo obtido resposta, e confiando nas suas fontes, lá lhe enviei os 14 mil euros (mais ou menos 14 contos) que me pedia. Passadas umas semanas recebi pelo correio uns folhetos com umas imagens explicativas dos exercícios que tinha de fazer de modo a obter os resultados pretendidos.

Tudo parecia tranquilo. A minha vida sexual com a mna. Thompfson Ölapfsen decorria normalmente (uma vez por dia, às vezes duas) e os exercícios começavam finalmente a dar resultados. Estas duas práticas, aliás, confundiam-se alegremente.
Eis se não quando uns senhores agentes da PJ me entram pela casa adentro, encostam-me à parede, algemam-me mãos atrás das costas, confiscam-me o computador e acusam-me de posse e distribuição de material pedófilo.
- Ora, um gajo já não pode mandar uns "forwards" aos amigos?

Agora, o problema é que aqui em Custóias não tenho acesso à internet e precisava urgentemente de contactar a MegaDickens Clinikä do Dr. Gustafson e pedir-lhes uma solução para o meu caso. É que meio metro de picha fica de fora da cela e o guarda não consegue fechar a porta.

posted by Tomás at 1:19 da manhã


wquarta-feira, dezembro 10, 2003


Dissecando o Federalismo - O Preâmbulo

Um dos argumentos utilizados por aqueles que querem incluir no preâmbulo da Constituição da Europa uma referência a Deus e ao Cristianismo é o argumento da necessidade de se encontrar uma identidade europeia, identificando-se os grandes valores culturais que ajudaram a formá-la.
Os Iluminados não querem deixar de contribuir para esta arqueologia de uma matriz europeia pelo que desde já sugerimos mais alguns valores culturais europeus que têm de ser preâmbulados para que essa nossa verdadeira identidade venha ao de cima:
as cruzadas, a inquisição, a caça às bruxas e o extermínio dos judeus.


posted by Tomás at 2:04 da tarde


wterça-feira, dezembro 09, 2003


Manual sobre Vivência - Quando nascemos havíamos de vir com um.
É que os outros têm todos Manuais de Como nos Foderem! Sei lá onde é que os arranjaram! Só sei que os têem e resultam muito bem.

posted by Tomás at 4:23 da manhã


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Faço parte da massa de portugueses desconfiados e desiludidos com tudo e mais alguma coisa. A lama espiritual e intelectual em que me encontro explica (mas não desculpa) a pouca dinâmica que tenho tentado incutir aos Iluminados. Apresento aqui as minhas desculpas. À falta de prendas de natal (a crise, ai a crise...) conto com o bolo rei e as rabanadas para me desatolarem desta merda metafísica em que me encontro...

posted by Tomás at 4:22 da manhã


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Querer Compreender o que quer que seja (o eu, o nós, o mundo, etc.) é o objectivo mais estúpido a que uma pessoa inteligente se pode propor. Objectivos querem-se concretos: um lugar no conselho de administração do BPI; ser Presidente da República; ter muitos filhos e muito dinheiro...
Querer compreender só não é um objectivo mais estúpido que ser feliz porque uma pessoa inteligente já nem equaciona esta hipótese.

posted by Tomás at 3:17 da manhã


wquarta-feira, dezembro 03, 2003


TV: droga dura ou paliativo? - Conheço algumas pessoas que passam incólumes ao vício da televisão. Ficam horas apáticas em frente ao ecrã e depois levantam-se do sofá e conversam com os amigos, marcam jantares e saidas à noite, têm opiniões sobre determinados assuntos, são de trato fácil e têm sentido de humor. São, enfim, pessoas interessantes e com quem gosto de estar.

Ao lidar com essas pessoas, se não soubesse, nem sequer suspeitaria que acabaram de ser submetidas a uma injecção intra-neuronal de imbecilidade e alienação via programas de TV (e isto, em alguns casos, depois de 8 horas de trabalho e algumas de trânsito).

Transcende-me a capacidade de um telespectador assíduo manter uma mente sã. Simplesmente não compreendo como o fazem.
Desenganem-se aqueles que julgam que estou a ser irónico. A mim, basta-me passar por uma televisão ligada para, nas 8 ou 9 horas seguintes, ficar intelectualmente muito parecido com um zombie do clip do Michael Jackson, ou com uma criança de dez anos com dificuldades de aprendizagem.

Imagino como seriam essas pessoas se aproveitassem todas as horas gastas em frente à pantalha para actividades mais interessantes e criativas.

Ou como diz o Luís Fernandes hoje no Público:
É por isso que ver tanta televisão faz tão mal como ingerir muita droga, e até pior. Porque com a ingestão televisiva ingerimos simultaneamente droga, enquanto o contrário não é verdadeiro.

posted by Tomás at 2:28 da tarde